Estudantes da Universidade Federal de Viçosa desenvolvem protótipo de baixo custo para produção de leite de cabra em pó. Projeto foi um dos cinco vencedores do Prêmio Técnico Empreendedor 2006, do MEC e Sebrae
Estudantes da Universidade Federal de Viçosa desenvolvem protótipo de baixo custo para produção de leite de cabra em pó. Projeto foi um dos cinco vencedores do Prêmio Técnico Empreendedor 2006, do MEC e Sebrae
Agência FAPESP - A Universidade Federal de Viçosa (UFV), campus de Florestal (MG), está cercada de pequenas propriedades cujas famílias criam caprinos para subsistência. A carne dos animais é o principal produto de consumo, enquanto o leite é pouco utilizado para alimentação humana e acaba sendo descartado sem nenhum aproveitamento.
O cenário serviu de inspiração aos estudantes Charles de Oliveira e Michael Willian, da Central de Ensino e Desenvolvimento Agrário de Florestal (Cedaf) da UFV, que criaram uma máquina de baixo custo para a fabricação de leite de cabra em pó, com orientação do professor Luiz Carlos Gouvêa.
"O foco do projeto é permitir o armazenamento para posterior consumo e comercialização. O leite de cabra em pó tem prazo de validade de oito meses, enquanto o líquido azeda em três dias" disse Gouvêa à Agência FAPESP.
O projeto foi um dos cinco vencedores do Prêmio Técnico Empreendedor 2006, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A equipe da UFV concorreu com 248 projetos inscritos de todo o país. Consistência do projeto, viabilidade comercial, grau de inovação, potencial de melhoria das comunidades em que serão implementados e valorização da cultura regional foram alguns critérios avaliados. A cerimônia de entrega do prêmio ocorreu em novembro, em Brasília.
Dez litros por hora
processo de pré-secagem em banho-maria, em que 50% da água do leite é extraída. Com auxílio de um compressor, o leite é então jogado em um forno elétrico.
"Um nebulizador foi instalado na parte superior do forno para transformar o leite pastoso em uma espécie de névoa. Com uma temperatura que varia entre 150ºC e 170ºC, o leite em pó cai no fundo do forno com teor de umidade de apenas 3,5%", disse o professor.
Levando em conta que outra parte do leite em pó fica em suspensão, os pesquisadores acoplaram no forno um pequeno exaustor, que tem a função de sugar o restante das partículas de leite. "Essas partículas passam ainda por um outro aparelho, que denominamos ciclone, responsável por separar o ar das partículas sólidas de leite. Em seguida, o leite em pó é colocado dentro de um recipiente para empacotamento a vácuo", explica Gouvêa.
A máquina, que está em fase de patenteamento e também poderá ser útil para a produção de leite de vaca em pó, tem capacidade de beneficiar dez litros de leite por hora, sendo que cada litro gera aproximadamente 120 gramas de pó.
Segundo Gouvêa, o equipamento poderá ser utilizado como fonte de renda não apenas para as famílias de Florestal, cidade com cerca de 5,5 mil habitantes, mas em especial para pequenos e médios produtores rurais do Nordeste, região que abriga mais de 90% dos rebanhos de caprinos do país.
"No mercado nacional, uma máquina semelhante custa R$ 48 mil. Quando a produção em escala industrial tiver início, nossa máquina custará no máximo R$ 1 mil. Estamos estudando parcerias com empresas", afirma Gouvêa.
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