Pesquisa mostra que o apelo à religião ajudou o governo de George W. Bush a ganhar o apoio público na guerra contra o terrorismo e na invasão ao Iraque (foto: Eric Draper/Casa Branca)

Bush, o fundamentalista
11 de agosto de 2004

Pesquisa feita por professor da Universidade de Washington, nos EUA, mostra que o apelo à religião ajudou o governo de George W. Bush a ganhar o apoio público na guerra contra o terrorismo e na invasão ao Iraque

Bush, o fundamentalista

Pesquisa feita por professor da Universidade de Washington, nos EUA, mostra que o apelo à religião ajudou o governo de George W. Bush a ganhar o apoio público na guerra contra o terrorismo e na invasão ao Iraque

11 de agosto de 2004

Pesquisa mostra que o apelo à religião ajudou o governo de George W. Bush a ganhar o apoio público na guerra contra o terrorismo e na invasão ao Iraque (foto: Eric Draper/Casa Branca)

 

Agência FAPESP - Uma habilidosa mistura de religião e política ajudou o presidente dos Estados Unidos George W. Bush a silenciar críticas e a fazer valer suas posições políticas sobre terrorismo e Iraque ao povo norte-americano. A afirmação é de David Domke, professor de ciência política da Universidade de Washington.

Donke analisou centenas de notícias e comunicados do governo, documentando a maneira eficaz como Bush relacionou terminologias religiosas a objetivos políticos nos turbulentos meses após o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, em Nova York.

De acordo com a pesquisa, dos 15 pronunciamentos de Bush à nação entre o atentado e o momento considerado por sua administração como o final da guerra contra o Iraque (1/5/2003), em 14 o presidente comparou a campanha contra o terrorismo como uma simples luta entre o bem e o mal. Em quatro dos discursos, Bush declarou explicitamente que as políticas de seu governo tinham o "apoio de Deus".

Apesar do apelo religioso escancarado, apenas dois dos 326 editoriais publicados em 20 dos principais jornais do país após os discursos questionaram a noção do bem contra o mal proferida pelo presidente. Pior: um único editorial colocou em dúvida a afirmação em relação ao suposto apoio divino.

"Em um momento de crise, a certeza advinda do que eu chamo de fundamentalismo político praticada pela administração (Bush) silenciou os democratas e teve um apelo muito forte junto à imprensa", disse Domke. "O mais incrível é que com tantas pessoas em todo o mundo com diferentes pontos de vista a imprensa tenha falhado ao apenas transmitir a seus leitores, sem crítica alguma, aquelas mensagens fundamentalistas."

Os resultados da pesquisa foram publicados no livro God willing?: political fundamentalism in the White House, the 'war on terror,' and the echoing press, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos e no Reino Unido pela Pluto Press.

Além dos pronunciamentos de Bush, Domke analisou mais de 100 outras falas de altos oficiais do governo, como os secretários de defesa Donald Rumsfeld e de estado Colin Powell.

De acordo com o estudo, apenas dois anos após os atentados em Nova York a imprensa norte-americana em geral começou a questionar a maneira como ajudou o governo a controlar o discurso público. "O resultado implicou em um grande custo à democracia e ao público, os quais foram terminantemente ignorados pela administração Bush enquanto essa buscava sua visão religiosa para os Estados Unidos no século 21", afirmou Domke.


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