Jefferson Simões, da UFRGS, será o primeiro brasileiro a cruzar a Antártica por terra e chegar ao ponto extremo do globo, em expedição que pretende investigar o papel do continente gelado nas mudanças ambientais globais
Jefferson Simões, da UFRGS, será o primeiro brasileiro a cruzar a Antártica por terra e chegar ao ponto extremo do globo, em expedição que pretende investigar o papel do continente gelado nas mudanças ambientais globais
Agência FAPESP - O dia 14 de dezembro de 1911 entrou para história da humanidade. Há 93 anos, o explorador norueguês Roald Amundsen (1872-1928) fincava a bandeira de seu país no Pólo Sul Geográfico – o ponto onde o eixo de rotação da Terra cruza a superfície. Era a primeira vez que um homem pisava no extremo do planeta após atravessar todo o planalto polar. Agora, em 2004, em um dia ainda indefinido de novembro, um processo semelhante ocorrerá em relação ao Brasil.
Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), será o primeiro brasileiro a atravessar o manto antártico e atingir o Pólo Sul geográfico por terra. Em 1961, Rubens Vilella, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, havia chegado lá, mas tendo viajado em um avião Hércules. Outros brasileiros também já fizeram esse passeio depois dos anos 60.
O aventureiro Júlio Fiadi também chegou lá com as suas próprias pernas em 9 de janeiro de 2001. Ele viajou de avião da base chilena até a posição 88º50' Sul. De lá, ele caminhou o "último grau" até desfraldar a bandeira brasileira no Pólo Sul geográfico.
Segundo explicou Simões à Agência FAPESP, o grande objetivo da nova expedição é avançar na investigação do papel da Antártica nas mudanças ambientais globais, principalmente no controle do clima da América do Sul. O pesquisador brasileiro pretende coletar amostras da neve que se acumularam ao longo dos últimos 400 anos.
A expedição será formada por 34 pessoas. São dois brasileiros – além de Simões, o cientista Francisco Aquino, também da UFRGS, ficará na estação chilena Patriot Hills, local de partida da expedição – e 32 pesquisadores chilenos, que estudarão o movimento do gelo do continente.
A logística para se atingir o objetivo, transportando 42 toneladas de equipamento, é bastante complexa. O continente gelado será cortado em um trajeto de 2,5 mil quilômetros de ida e volta. Um trator polar rebocará todos os trenós que levarão os laboratórios, acomodações e a alimentação. Para se chegar até a base chilena – o ponto de partida – serão necessários dois Hércules C-130 e um avião Ilyushin Il-76, a maior aeronave comercial em operação no mundo.
Toda a expedição deverá levar dois meses e meio. A programação prevê uma viagem rápida até o Pólo Sul geográfico, região que além da altitude (2.835 metros de altura) registra, no verão, temperaturas por volta dos 40ºC negativos. Depois de alcançarem o local no fim de novembro, os cientistas estão prevendo um retorno lento até a base chilena, pois é nesse trajeto que as coletas científicas serão realizadas.
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