Brasil terá pesquisa nacional sobre C&T
12 de dezembro de 2005

Proposta de enquete para medir a percepção pública da ciência é discutida em São Paulo por especialistas e representantes da FAPESP e do MCT. A iniciativa deve ser realizada em 2006, após o término das discussões metodológicas

Brasil terá pesquisa nacional sobre C&T

Proposta de enquete para medir a percepção pública da ciência é discutida em São Paulo por especialistas e representantes da FAPESP e do MCT. A iniciativa deve ser realizada em 2006, após o término das discussões metodológicas

12 de dezembro de 2005

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A ciência aos olhos da sociedade. Na última década, nos principais países latino-americanos, vários grupos de pesquisa buscaram desenvolver métodos de trabalho para medir a percepção pública da ciência. Influenciado pelo conhecimento gerado até agora, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) pretende realizar uma pesquisa nacional em 2006. A proposta do questionário para essa enquete foi debatida na sexta-feira (9/12), na sede da FAPESP, em São Paulo.

"Nossa intenção é primeiramente acertar algumas questões metodológicas importantes que começamos agora a discutir. Depois, usaremos os resultados obtidos na pesquisa para ajudar na definição de políticas públicas", disse Ildeu de Castro Moreira, diretor da Secretaria de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do MCT, à Agência FAPESP.

O debate do método que será usado na pesquisa nacional sobre ciência e tecnologia ocorreu durante o workshop "Cultura científica e percepção pública da C&T: estado da arte, novos estudos e estratégias futuras para a América Latina", organizado pela FAPESP.

O evento contou com as participações de Carlos Vogt, presidente da FAPESP e coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Carmelo Polino e Maria Eugenia Fazio, representantes da Rede Ibero-Americana de Indicadores de Ciência e Tecnologia (Ricyt), com sede na Argentina.

Segundo Moreira, o MCT pretende ter os resultados da enquete até o início do segundo semestre de 2006. A intenção é abrir uma licitação pública para que os vários institutos privados de pesquisa existentes no Brasil possam se candidatar ao trabalho. "As entrevistas demandam pouco tempo. Em até seis semanas, no máximo, elas podem ser concluídas", disse.

A pesquisa deverá ser a segunda em âmbito nacional feita até hoje. Nos anos 1980, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) havia feito uma nos mesmos moldes.

O questionário que está em fase de preparação terá quatro sessões principais: Avaliação do Interesse e Informação em C&T; Atitudes e Visões sobre C&T; Avaliação e Conhecimento de C&T no Brasil; Dados do Entrevistado.

A primeira procurará mostrar a idéia geral na população quando se fala em ciência e tecnologia. A segunda investigará as atitudes e visões dos entrevistados em relação ao setor. A terceira sessão pretende verificar o conhecimento a respeito de instituições ligadas ao desenvolvimento da C&T no país e a última trará o perfil do entrevistado, obtido nos mesmos moldes das enquetes feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, o questionário terá 30 perguntas.


Percepção ibero-americana

Em 2003, o livro Percepção Pública da Ciência, publicado pela Editora da Unicamp com apoio da FAPESP, apresentou os resultados de uma pesquisa realizada em cidades de quatro países ibero-americanos. Entre os resultados obtidos, o estudo verificou que 72% das pessoas entrevistadas concordam que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é o principal motivo da melhoria da qualidade de vida da sociedade. No entanto, essa imagem positiva não domina o imaginário social, uma vez que 85,9% duvidam que a ciência e a tecnologia possam solucionar todos os problemas.

A pesquisa foi realizada entre 2002 e 2003, por iniciativa da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e da Ricyt. Foram entrevistadas 162 pessoas no Brasil (na cidade de Campinas), 300 na Argentina (em Buenos Aires), 150 no Uruguai (em Montevidéu) e 150 na Espanha (em Salamanca e Valladolid). A pesquisa brasileira foi conduzida por integrantes do Labjor.


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