IPT de São Paulo desenvolve inseticida que utiliza como princípio ativo a bactéria Bacillus thuringiensis. O produto não agride o ambiente e atinge apenas o gênero do Aedes aegypti, poupando outros insetos
IPT de São Paulo desenvolve inseticida que utiliza como princípio ativo a bactéria Bacillus thuringiensis. O produto não agride o ambiente e atinge apenas o gênero do Aedes aegypti, poupando outros insetos
O produto, resultado de uma parceria entre o IPT, a empresa Bthek Biotecnologia, de Brasília, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresenta uma série de vantagens em relação aos inseticidas químicos utilizados no combate aos mosquitos.
O bioinseticida utiliza como princípio ativo a bactéria Bacillus thuringiensis, predadora natural de diferentes insetos. Comparado com o inseticida químico convencional, ele não apresenta perigo por ser biodegradável, enquanto os outros são tóxicos e permanecem no ambiente durante muito tempo, podendo causar uma série de problemas à fauna e a flora. Além disso, por ser produzido por bactérias encontradas no meio ambiente, o bioinseticida se caracteriza por apresentar em sua composição um material mais natural que não agride o ambiente.
"Além de ser biodegradável, uma grande vantagem do produto é que, ao realizar o controle biológico das pragas, o bioinseticida tem uma ação específica em relação a um certo gênero", disse Maria Filomena de Andrade Rodrigues, pesquisadora responsável pelo Laboratório de Microbiologia Industrial do IPT, à Agência FAPESP.
"Esta característica faz com que o bioinseticida elimine apenas alguns insetos alvos, ao contrário do inseticida comum, que atinge todos os insetos que estiverem na região. Assim, não se mata insetos como borboletas e formigas, por exemplo", disse.
A bactéria Bacillus thurigiensis produz uma endotoxina que, ao ser ingerida pela larva do inseto, causa danos no trato gastrointestinal, provocando sua morte. A bactéria ataca as larvas do Aedes aegypti, transmissor da dengue, que se reproduz em águas limpas e paradas.
"Outra característica relevante é que os bioinseticidas atuam na larva do inseto, enquanto os inseticidas químicos atuam sobre a forma adulta do inseto", disse Maria Filomena. "Por isso que, para apresentar resultados positivos, os bioinseticidas devem ser aplicados, no caso da dengue, em águas paradas onde o inseto se prolifera."
Desenvolvimento conjunto
O IPT desenvolveu o processo de fermentação e melhoramento da parte biotecnológica dos bioinseticidas, criando uma formulação líquida para o produto, além de oferecer uma assessoria à empresa Bthek Biotecnologia no desenho da planta industrial e de engenharia em todos os processos de produção. A Embrapa, por sua vez, fez a avaliação da atividade biológica do produto em laboratório, sendo que a avaliação em campo ficou por conta da Bthek.
Segundo Maria Filomena, a Bthek está montando uma estratégia de mercado para fomentar a produção em escala industrial. "Os bioinseticidas serão produzidos industrialmente em reatores de 10 mil litros, já que o objetivo da empresa é produzir de 300 a 500 toneladas por ano do produto", disse.
O bioinseticida será comercializado na forma líquida e deve chegar ao mercado em 2004. As regiões Norte e Nordeste serão as principais localidades do Brasil a se beneficiarem com o produto, que será aplicado em locais abertos, como campos e lagoas. Para o uso em domicílios e em grandes centros, o bioinseticida ainda requer algumas modificações, como por exemplo sua forma de apresentação em pastilhas, sachês, pó ou gel.
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