Estimativa mostra que a emissão de carbono lançado na atmosfera é muito maior do que a quantidade fixada no solo pelas florestas secundárias (foto: E. Geraque)
Estimativa apresentada durante o 56º Congresso Brasileiro de Botânica para o Estado do Acre mostra que a emissão de carbono lançado na atmosfera é muito maior do que a quantidade fixada no solo pelas florestas secundárias
Estimativa apresentada durante o 56º Congresso Brasileiro de Botânica para o Estado do Acre mostra que a emissão de carbono lançado na atmosfera é muito maior do que a quantidade fixada no solo pelas florestas secundárias
Estimativa mostra que a emissão de carbono lançado na atmosfera é muito maior do que a quantidade fixada no solo pelas florestas secundárias (foto: E. Geraque)
Agência FAPESP - Os cálculos apresentados pelo pesquisador Cléber Salimon, mesmo em se tratando de estimativas, apontam para uma realidade importante. Onde existe floresta amazônica em pé e saudável, como é o caso do Estado do Acre, a preservação desse ecossistema passa a ser praticamente a única forma possível de conseguir evitar que ainda mais carbono seja lançado na atmosfera. E isso é fundamental para que o chamado aquecimento global não se torne um problema ainda maior.
"O Estado do Acre hoje não pode ser considerado um sumidouro de carbono", disse Salimon, que é ligado ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, à Agência FAPESP. Os cálculos apresentados pelo cientista, que também trabalha no âmbito do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), financiado em parte pela FAPESP, são claros. "O fluxo líquido de carbono mostra que o estado hoje está lançando na atmosfera de 240 a 180 milhões de toneladas. Isso para dados válidos entre 1977 e 2003."
Para chegar aos números acima, o pesquisador brasileiro usou a quantidade de carbono aéreo liberado e aquilo que é absorvido tanto pelas pastagens como pelas capoeiras. "Não se trata de afirmar que as florestas secundárias não são importantes. Mas não se pode falar que elas são a solução para tudo." Os números mostram, segundo Salimon, que apenas entre 8% e 16% do total de carbono emitido pelo desmatamento é absorvido pelas florestas secundárias.
"O Brasil está praticamente exportando sua biodiversidade em forma de fumaça" afirma Salimon. Para o pesquisador, uma das ações mitigatórias que poderia tornar o balanço um pouco mais positivo é o fortalecimento dos chamados sistemas agroflorestais. "Nesses casos, onde existe uma produção maior, consegue-se fixar mais carbono na biomassa" avalia. Nesses processos, que já estão sendo usados em determinadas áreas da Amazônia, existe uma mescla entre plantio de madeira e de culturas agrícolas, como o milho e o café.
Não basta apenas isso, esclarece o cientista. "Para que o desmatamento diminua mesmo é necessário que sejam cumpridas as leis que já existem e que a fiscalização aumente. E isso tanto nas pequenas propriedades como nas grandes." Para Salimon, ao mesmo tempo que as leis ambientais brasileiras podem ser consideradas boas, elas também facilitam algumas práticas ilegais. "As multas ambientais, por exemplo, perdem valor em cinco anos", disse.
Em tempos onde o Protocolo de Kyoto virou Tratado e as bolsas de valores, seja da Europa, dos Estados Unidos e até do Brasil, estão bastante voltadas para o chamado mercado de seqüestro de carbono, os cálculos científicos feitos no Acre surgem como um aviso interessante. Nenhuma dessas discussões pode ficar na frente de uma outra que é bem mais importante. "Antes de mais nada, a biodiversidade amazônica precisa ser preservada."
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