José Goldemberg abre Conferência Internacional de Bioenergia, que reúne mais de 200 pesquisadores do Brasil e do exterior em Campos do Jordão para debater perspectivas do setor (foto:Guilherme Bessa/BBEST)

BBEST apresenta avanços em bioenergia
16 de agosto de 2011

José Goldemberg abre Conferência Internacional de Bioenergia, que reúne mais de 200 pesquisadores do Brasil e do exterior em Campos do Jordão para debater perspectivas do setor

BBEST apresenta avanços em bioenergia

José Goldemberg abre Conferência Internacional de Bioenergia, que reúne mais de 200 pesquisadores do Brasil e do exterior em Campos do Jordão para debater perspectivas do setor

16 de agosto de 2011

José Goldemberg abre Conferência Internacional de Bioenergia, que reúne mais de 200 pesquisadores do Brasil e do exterior em Campos do Jordão para debater perspectivas do setor (foto:Guilherme Bessa/BBEST)

 

Por Janaína Simões, de Campos do Jordão

Agência FAPESP – Começou neste domingo (14/08), em Campos do Jordão, São Paulo, a primeira Conferência Brasileira de Ciência e Tecnologia em Bioenergia (Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference – BBEST), que reúne até o dia 18 pesquisadores do Brasil e do exterior para discutir avanços científicos e tecnológicos, negócios e políticas para ampliar a produção de biocombustíveis.

A estimativa é de que 700 pessoas participem das atividades da BBEST. O físico José Goldemberg, laureado em 2008 com o prêmio Planeta Azul, concedido pela Asahi Glass Foundation, um dos mais importantes em meio ambiente, fez a conferência de abertura, apresentando a evolução da produção de bioenergia no Brasil.

Participaram da mesa de abertura Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, Hernan Chaimovich, presidente da conferência, Glaucia Souza e Luís Augusto Barbosa Cortez, secretários da BBEST, e Marie-Anne Van Sluys, presidente do comitê de programa. Segundo Souza – que, assim como Van Sluys, integra a coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) – 233 pesquisadores e 218 estudantes de 21 países e 163 organizações de todos os continentes apresentarão trabalhos durante os dias do encontro.

“Goldemberg é um dos pioneiros na pesquisa em biocombustíveis no mundo. Já em meados dos anos 1970, ele discutia a produção sustentável do etanol no Brasil, se preocupando com temas como o balanço de energia do biocombustível – quanto se gasta em energia fóssil para produzir o combustível renovável”, disse Brito Cruz.

Goldemberg é físico e professor na Universidade de São Paulo (USP). Foi ministro da Educação e de Ciência e Tecnologia, além de secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Goldemberg afirmou que o grande problema dos biocombustíveis é seu uso no transporte. “É um desafio especial porque temos pessoas viciadas em automóveis”, brincou.

Segundo ele, nos Estados Unidos há quase 800 veículos a cada mil habitantes. No Brasil, essa relação chega a quase 100 automóveis. A cidade de São Paulo tem uma relação de quase 500 veículos por mil habitantes, e o estado paulista, de aproximadamente 400 automóveis por mil habitantes.

“A produção de etanol de milho nos Estados Unidos usa muita energia fóssil, o que torna a produção brasileira, cuja matéria-prima é a cana-de-açúcar, muito mais vantajosa do ponto de vista econômico e da sustentabilidade, uma vez que as usinas produzem energia a partir do bagaço da cana e são praticamente autossuficientes”, disse.

Goldemberg também destacou que ainda há muito espaço para aumentar a produção e a produtividade no setor agrícola, e um pouco menos no setor industrial. “O custo de produção do etanol caiu dramaticamente. Hoje, é menor do que o de produção da gasolina”, ressaltou. O custo de 100 litros de etanol de cana está em € 14,40 e o do etanol feito a partir do milho é de € 39,47.

O professor também atacou os argumentos que colocam o etanol produzido no Brasil como menos sustentável. Classificando como argumentos quase ideológicos, ele disse que não é verdadeira a queixa internacional de que a expansão da produção de cana para biocombustível no Brasil tenha causado um aumento do preço dos alimentos.

“Modelos científicos já demonstraram que a cana-de-açúcar não vai provocar o avanço de áreas agrícolas e pastagens para a Amazônia, o chamado impacto indireto no uso do solo. Temos modelos que contrariam fortemente essa ideia”, apontou, lembrando que os mesmos modelos indicam que haverá uma intensificação do uso das áreas de pastagens que poderá contribuir para o aumento da produção alimentar.

Citou como exemplo de ações de política pública que visam garantir a sustentabilidade do etanol a iniciativa dos produtores do Estado de São Paulo, o maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil, de mecanizar a colheita, eliminando as queimadas.

Hoje, 60% da colheita paulista é feita por máquinas. Além disso, o governo estadual fez o zoneamento agronômico e ecológico. O documento norteia o cultivo de cana-de-açúcar no estado, identificando as áreas totalmente adequadas, as que são adequadas com restrições e limitações e as inadequadas.

A 1st BBEST ocorre no Centro de Convenções de Campos do Jordão até o dia 18 de agosto. O encontro é apoiado pela FAPESP, BIOEN-FAPESP, CNPq, Capes, CTBE, Unica, Braskem, Embraer, BP Biofuels Brazil, Monsanto e Oxiteno.

Confira a programação em www.bbest.org.br.

 

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