Estudo foi apresentado no Workshop Biopharma and Metabolomics, que destacou pesquisas apoiadas no âmbito do acordo entre FAPESP e Agilent Technologies (Juliana Velasco, do LNBR-CNPEM, em apresentação no evento / foto: Felipe Maeda-Agência FAPESP)

Bactérias podem ser usadas como fertilizantes químicos sem causar impacto ambiental
03 de julho de 2019
EN ES

Estudo foi apresentado no Workshop Biopharma and Metabolomics, que destacou pesquisas apoiadas no âmbito do acordo entre FAPESP e Agilent Technologies

Bactérias podem ser usadas como fertilizantes químicos sem causar impacto ambiental

Estudo foi apresentado no Workshop Biopharma and Metabolomics, que destacou pesquisas apoiadas no âmbito do acordo entre FAPESP e Agilent Technologies

03 de julho de 2019
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Estudo foi apresentado no Workshop Biopharma and Metabolomics, que destacou pesquisas apoiadas no âmbito do acordo entre FAPESP e Agilent Technologies (Juliana Velasco, do LNBR-CNPEM, em apresentação no evento / foto: Felipe Maeda-Agência FAPESP)

 

André Julião  |  Agência FAPESP – Pesquisadores do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), estudam bactérias que promovem o crescimento das plantas. Como foram isolados do solo, esses organismos têm potencial para serem usados como fertilizantes sem causar a poluição das águas e alterações prejudiciais ao próprio solo, como pode acontecer com fertilizantes químicos.

O estudo coordenado por Juliana Velasco, pesquisadora do LNBR-CNPEM, foi apresentado durante o Workshop Biopharma and Metabolomics, no dia 26 de junho na FAPESP. O projeto é um dos que são financiados no âmbito de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Agilent Technologies.

Depois de isolar bactérias do solo, a equipe de Velasco começou a identificar os chamados compostos orgânicos voláteis (COVs), produtos decorrentes do metabolismo das bactérias que promovem o crescimento de plantas. “O objetivo agora é investigar e entender como o metabolismo da planta se altera por conta dessas moléculas sinalizadoras”, disse Velasco à Agência FAPESP.

Na primeira fase do trabalho, foram usadas duas espécies de plantas modelos, a Arabidopsis thaliana e a Setaria viridis. Os pesquisadores selecionaram cepas bacterianas que mais contribuíram para o crescimento dessas plantas e agora as testam em arroz, ainda em laboratório.

“A princípio, a substituição total de fertilizantes químicos é impossível. Mas com certeza podemos diminuir consideravelmente o uso deles quando utilizamos produtos biológicos”, disse Velasco.

A meta é desenvolver um bioproduto que possa ser aplicado no solo em forma sólida (como pó) ou líquida, a princípio em culturas como cana-de-açúcar, milho e arroz. Tecnologias semelhantes já são usadas para a fixação de nitrogênio.

Velasco explicou que em boa parte da lavoura de soja brasileira, produtos bacterianos são usados como substitutos aos adubos nitrogenados. O uso em excesso desses fertilizantes é conhecido por causar contaminação do solo e dos ecossistemas aquáticos, além de aumentar a emissão de óxido nitroso, que agrava o efeito estufa. 

Parceria 

A FAPESP e a Agilent Technologies lançaram três chamadas de propostas conjuntas, com seleção e apoio a seis projetos de pesquisa.

“Essa parceria tem trazido oportunidades muito interessantes para pesquisadores associados a universidades e institutos de pesquisa no Estado de São Paulo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, durante a abertura do evento.

Jim Hollenhorst, diretor sênior de tecnologia da Agilent, contou que cerca de 8% do faturamento da empresa é investido anualmente em pesquisa e desenvolvimento. A maioria é realizada no que a empresa chama de P&D orgânicos, ou seja, dentro da própria companhia.

“Mas uma parte dos nossos laboratórios de pesquisa é focada em inovação de longo prazo, que tem risco maior mas potencial muito alto de retorno. Não achamos que todas as boas ideias estejam na nossa empresa e essa é a principal razão pela qual estamos atuando em parcerias como essa, aqui e ao redor do mundo”, disse Hollenhorst, que afirmou ainda que o Brasil tem bastante potencial para novas parcerias com a empresa. 

Insuficiência cardíaca

Gabriela Venturini, que realiza estágio de pós-doutorado, com bolsa da FAPESP no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FM-USP), apresentou no workshop outro projeto que estuda produtos do metabolismo. No caso, são os metabólitos produzidos pelo organismo humano durante a insuficiência cardíaca.

O estudo, coordenado por Alexandre da Costa Pereira, professor da FM-USP, é outro financiado pela parceria da FAPESP com a Agilent e busca entender os processos que levam à insuficiência cardíaca.

“Sabemos que existem várias causas, principalmente genéticas, das doenças cardiovasculares, mas não conseguimos entender qual a relação das alterações genéticas com o desenvolvimento da doença em si”, disse Venturini.

Por isso, a pesquisa cruza dados sobre os metabólitos com outros sobre proteínas, RNA e outros parâmetros colhidos tanto em soro do sangue de voluntários como em modelos celulares. O objetivo é entender melhor como se estabelece a insuficiência cardíaca, último estágio de várias doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, doença de Chagas e infarto do miocárdio.

“Os metabólitos refletem a alteração genética, mas também a alteração ambiental: o que o paciente come, o ar que ele respira, os medicamentos que ele consome. Apesar dos avanços nos estudos realizados até hoje, focados em genes ou proteínas, ainda não conseguimos explicar exatamente como cada processo leva à insuficiência cardíaca”, disse.

Segundo Venturini, entender cada problema na sua individualidade pode levar a tratamentos mais eficazes e mesmo à prevenção.

“Hoje em dia procuramos prevenir a insuficiência cardíaca prevenindo as doenças que ocorrem antes do desenvolvimento dela, como infarto ou hipertensão. Porém, uma vez que o indivíduo desenvolve insuficiência, não há muito o que fazer. Apesar de tantos estudos, o número de casos só tem aumentado. Então estamos falhando bastante em tratá-la”, disse.

 
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