Pioneirismo digital destaca – em dois artigos e três reportagens – a contribuição da Fundação para o desenvolvimento da internet, das redes de pesquisa e das novas tecnologias (imagem: reprodução)

Avanço da internet no Brasil é tema do 3º fascículo do livro comemorativo dos 60 anos da FAPESP
24 de setembro de 2021

Pioneirismo digital destaca – em dois artigos e três reportagens – a contribuição da Fundação para o desenvolvimento da internet, das redes de pesquisa e das novas tecnologias

Avanço da internet no Brasil é tema do 3º fascículo do livro comemorativo dos 60 anos da FAPESP

Pioneirismo digital destaca – em dois artigos e três reportagens – a contribuição da Fundação para o desenvolvimento da internet, das redes de pesquisa e das novas tecnologias

24 de setembro de 2021

Pioneirismo digital destaca – em dois artigos e três reportagens – a contribuição da Fundação para o desenvolvimento da internet, das redes de pesquisa e das novas tecnologias (imagem: reprodução)

 

Agência FAPESP – A contribuição da FAPESP para o avanço da internet e das tecnologias de informação e comunicação no Brasil é tema do terceiro fascículo da série de dez que compõem o livro FAPESP 60 anos – Ciência, Cultura e Desenvolvimento, já disponível no site da Fundação.

Com o título Pioneirismo Digital, o terceiro fascículo reúne artigos de Demi Getschko, diretor-presidente do NIC.br, e João Carlos Salles, professor de filosofia e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de três reportagens que descrevem desde a primeira conexão internacional da FAPESP com o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Maryland, nos Estados Unidos, até as investigações mais recentes relacionadas à inteligência artificial.

No artigo “Da Pirajussara à Pio XI”, Getschko descreve os esforços da equipe em readequar o Centro de Processamento de Dados (CPD) da FAPESP, em 1988, para operar a conexão internacional. Já Salles, no artigo “A cidadania do nada”, analisa o papel definidor – e, ao mesmo tempo, ameaçador – da técnica para a ação humana.

A primeira reportagem do fascículo destaca o papel estratégico de Oscar Sala, presidente da FAPESP entre 1985 e 1995, na liderança do projeto de criação da rede ANSP (Academic Network at São Paulo FAPESP), inaugurada em abril de 1988. Getschko lembra que a equipe do CPD foi incumbida de criar uma rede para entrar na Bitnet, que já reunia mais de 1,2 mil universidades e órgãos governamentais em dezenas de países. O primeiro acesso à internet, a partir da sede da FAPESP, foi em 6 de fevereiro de 1991.

“O processo começou informalmente”, conta Hartmut Richard Glaser, que coordenou a ANSP entre 1996 e 2002 e que, atualmente, é secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Esse “processo informal” daria sustentação a iniciativas distintas – do projeto Genoma FAPESP ao Scientific Electronic Library Online (SciELO) –, ou à conexão entre as bibliotecas das universidades paulistas. “Antes da internet, um pesquisador que estivesse em Campinas e quisesse consultar o acervo da USP [Universidade de São Paulo], precisava viajar até São Paulo”, afirmou Rosaly Favero Krzyzanowski, coordenadora da Biblioteca Virtual da FAPESP.

A reportagem sublinha, ainda, o impacto da informatização na gestão de programas e processos da FAPESP, como o desenvolvimento do Sistema de Apoio à Gestão (SAGe), desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), na gestão do então presidente Carlos Vogt. “O modelo do SAGe foi aperfeiçoado ao longo dos anos e outras instituições passaram a adotá-lo, entre elas o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação [Cenpes] da Petrobras”, afirmou Silvio Meira, fundador do Cesar.

A segunda reportagem, “Revolução Tecnológica”, destaca a constituição da Rede Nacional de Pesquisa (RNP). “Nosso plano realmente era interligar todo o país. Na época, praticamente havia apenas um triângulo conectando São Paulo, Rio e Belo Horizonte, quando era preciso chegar a todo o litoral e ao interior do Brasil”, disse Ivan Moura Campos, que, em 1993, estava à frente da Secretaria de Política de Informática (Sepin) do então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

A reportagem descreve os esforços da Sepin para mobilizar empresas a aderir ao novo mercado, investindo em softwares e provedores de internet. “A ideia era a seguinte: o governo precisava investir em pesquisa e desenvolvimento, entregar os resultados para as empresas, participar da regulação do fomento, lidar depois com o impacto social e, então, voltar ao início, para a pesquisa e desenvolvimento novamente”, disse Silvio Meira, que integrava a equipe da Secretaria que, junto com Moura Campos, Carlos Lucena e Tadao Takahashi, percorreu todos os Estados brasileiros.

A terceira reportagem, “Inteligência em TI”, faz um balanço dos resultados dessa revolução tecnológica. “O envolvimento da Fundação nessa área aparece tanto na aquisição de computadores de grande porte como no apoio a centros de pesquisa, inovação e difusão na área de ciências da computação”, sublinhou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

João Eduardo Ferreira, professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e coordenador da Research and Education Network de São Paulo (Rednesp) – antiga Rede ANSP – destaca na reportagem as principais áreas de investimento da FAPESP em tecnologia da informação: infraestrutura e conectividade, infraestrutura computacional e formação e treinamento de recursos humanos para operar, desenvolver e produzir ciência com base nesses sistemas.

Claudia Bauzer Medeiros, professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em eScience e Data Science, destaca que a evolução de tecnologias da informação demanda investimentos em diversas áreas de pesquisa e integração com outras áreas do conhecimento.

A reportagem aborda ainda as iniciativas da FAPESP na área de inteligência artificial, com a constituição do Center for Artificial Intelligence (C4AI), em parceria com IBM e USP, e iniciativas como o COVID-19 Data Sharing/Br, um repositório com 50 milhões de dados clínicos anonimizados de 800 mil pacientes acometidos pelo novo coronavírus.

O terceiro fascículo traz também entrevistas com Lucia Santaella, professora do programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo; Fábio Cozman, professor da Escola Politécnica da USP e diretor do C4AI; Tomasz Kowaltowski, da Unicamp, especialista em linguagens de programação; e Abel Packer, do SciELO.

Os dois primeiros fascículos do livro FAPESP 60 anos – Ciência, Cultura e Desenvolvimento – Seis décadas de realizações e DNA da Ciência Paulista – estão disponíveis no site comemorativo dos 60 anos da instituição no endereço https://60anos.fapesp.br/.

  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.