Cientistas analisam dados enviados pela sonda Mars Global Surveyor e identificam a ocorrência de centenas de auroras em Marte, similares às observadas nos pólos terrestres (foto: Nasa)

Auroras marcianas
14 de dezembro de 2005

Cientistas analisam dados enviados pela sonda Mars Global Surveyor e identificam a ocorrência de centenas de auroras em Marte, similares às observadas nos pólos terrestres

Auroras marcianas

Cientistas analisam dados enviados pela sonda Mars Global Surveyor e identificam a ocorrência de centenas de auroras em Marte, similares às observadas nos pólos terrestres

14 de dezembro de 2005

Cientistas analisam dados enviados pela sonda Mars Global Surveyor e identificam a ocorrência de centenas de auroras em Marte, similares às observadas nos pólos terrestres (foto: Nasa)

 

Agência FAPESP - Ao analisar dados enviados nos últimos seis anos pela sonda Mars Global Surveyor, cientistas norte-americanos chegaram a uma descoberta surpreendente. Eles identificaram centenas de auroras, semelhantes às observadas nos pólos terrestres.

Para os pesquisadores, o fenômeno tem tudo para ser muito comum no planeta vermelho. A curiosidade é que Marte não tem um campo magnético planetário como o que, na Terra, é a fonte das auroras boreal, no hemisfério Norte, e austral, no hemisfério Sul. Os cientistas acreditam que o fenômeno, em Marte, esteja associado a regiões com campos magnéticos intensos na crosta, especialmente ao sul do planeta.

As auroras marcianas ainda não puderam ser observadas, só identificadas a partir dos dados enviados, mas os cientistas acreditam que elas não devam ser tão coloridas como as terrestres. O motivo é que as partículas elétricas que interagem com as moléculas na atmosfera para produzir o efeito luminoso provavelmente geram apenas luz ultravioleta e não o vermelho, azul e verde observado nas auroras terrestres.

"Identificarmos tantas auroras em Marte é algo surpreendente. A descoberta tem nos ensinado bastante sobre como e por que tais fenômenos estão presentes em outros lugares no Sistema Solar, como Júpiter, Saturno, Urano ou Netuno", disse o líder da pesquisa David Brain, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, em comunicado da instituição. Os resultados do estudo serão publicados em breve em artigo no periódico Geophysical Research Letters.

Em 2004, a sonda européia Mars Express havia identificado uma emissão de luz ultravioleta no lado escuro de Marte. Após analisar os dados, um grupo internacional de astrônomos classificou a emissão como uma aurora, em artigo publicado na revista Nature, em junho de 2005.

Após o anúncio, Brain e equipe voltaram-se para os dados acumulados pela Mars Global Surveyor para verificar a evidência de outras auroras. Em órbita de Marte desde 1997, a espaçonave tem mapeado a superfície do planeta e seus campos magnéticos desde 1999, a partir de uma altitude de 400 quilômetros.

Os pesquisadores analisaram mais de 6 milhões de dados colhidos pelo reflectômetro de elétrons a bordo da sonda e separaram 13 mil sinais com picos magnéticos indicativos de auroras. Segundo Brain, isso é indicativo da ocorrência de centenas de auroras como a identificada pela Mars Express.

Na Terra, o fenômeno é causado por tempestades magnéticas decorrentes de explosões no Sol, cujas partículas, ao atingir as altas camadas da atmosfera da Terra, são aceleradas pelo magnetismo terrestre, mais intenso nas regiões polares, e formam correntes elétricas que colidem com átomos de oxigênio e nitrogênio. O processo é semelhante à ionização de gases em uma lâmpada fluorescente.

Para o grupo da Universidade da Califórnia o processo em Marte é provavelmente similar e a luz ultravioleta seria produzida quando as partículas transportadas pelos ventos solares atingem moléculas de dióxido de carbono.

Os pesquisadores esperam poder usar mais dados da Mars Global Surveyor para tentar entender melhor o processo de formação das auroras marcianas. A sonda da Nasa, a agência espacial norte-americana, foi projetada para uma vida útil de pelo menos 685 dias, mas continua fornecendo aos cientistas dados importantes do planeta ao qual o homem pretende chegar neste século.

Mais informações: http://marsprogram.jpl.nasa.gov/mgs


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.