Cidade de Lona, em Maceió (foto: divulgação)

Atuação comunitária
07 de novembro de 2003

Comunidade carente de Maceió combate desnutrição infantil e verminoses com a ajuda da Universidade Federal de Alagoas. A iniciativa é coordenada pelo nutricionista Haroldo Ferreira, que desenvolve pesquisas de saúde pública em populações marginalizadas.

Atuação comunitária

Comunidade carente de Maceió combate desnutrição infantil e verminoses com a ajuda da Universidade Federal de Alagoas. A iniciativa é coordenada pelo nutricionista Haroldo Ferreira, que desenvolve pesquisas de saúde pública em populações marginalizadas.

07 de novembro de 2003

Cidade de Lona, em Maceió (foto: divulgação)

 

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - A população carente que vive na Cidade de Lona, em Maceió, está se recuperando de anemia, desnutrição e ficando livre de parasitas. A vitória é fruto do trabalho de profissionais de saúde da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que há três anos identificam e tratam os principais problemas dos moradores da região.

Quando o Programa de Apoio à Melhoria da Qualidade de Vida começou, 96% das crianças entre 6 meses e 6 anos eram anêmicas, 84% sofriam de infecções parasitárias e quase 23% estavam em estágio avançado de desnutrição. "Por meio de parceria com a iniciativa privada conseguimos reduzir a desnutrição em 41% com a distribuição de sopas", disse à Agência FAPESP o nutricionista Haroldo Ferreira, coordenador da programa, que tem apoio da Universidade Solidária e do Banco Real.

Segundo Ferreira, a filosofia do grupo é ir além da constatação da doença, comprometendo-se com a solução do problema. "Não adianta saber que ela existe, é preciso curá-la e, ao mesmo tempo, criar condições para que não volte a se estabelecer", disse. A iniciativa também tem apoio financeiro da Secretaria de Saúde de Maceió.

O programa começou em 2000, quando um grupo multidisciplinar da Ufal, formado principalmente por médicos, nutricionistas, odontologistas, assistentes sociais e estudantes da universidade, propôs-se a estudar os principais problemas na comunidade da Cidade de Lona. Por dois anos, os pesquisadores examinaram os moradores e definiram estratégias de ação.

A Cidade de Lona, acampamento formado há cinco anos por dissidentes do Movimento Sem-Teto, está localizado a apenas dois quilômetros do campus da Ufal e abriga cerca de 2,4 mil pessoas. "Por estar envolvida em disputa judicial, o local não tem saneamento básico, o que facilita a disseminação de verminoses e a reincidência de doenças", disse Ferreira.

Foi por esse motivo que os adultos também passaram a ser diagnosticados e a receber tratamento médico. Em 2003, a parasitose caiu de 83,2% para 69% na população como um todo. "A incidência continua alta, mas temos o compromisso de reduzir paulatinamente os riscos a que a população está exposta", disse o nutricionista.

Desde 1997, Ferreira, do Laboratório de Nutrição Básica e Aplicada da Ufal, atua na linha de pesquisa "saúde de populações marginalizadas". Seu trabalho começou em Porto Calvo, num acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Porém, a distância impediu que as pesquisas fossem adiante.

O Programa de Apoio à Melhoria da Qualidade de Vida foi publicado na edição de novembro do European Journal of Clinical Nutrition, uma das mais importantes publicações da área. Em dezembro de 2002, a Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil também publicou material sobre a iniciativa.


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