Diversidade da fala do interior do Pará é registrada em CD, em projeto coordenado por Abdelhak Razky, da UFPA (foto: UFPA)

Atlas sonoro paraense
25 de maio de 2004

Diversidade da fala do interior do Pará é registrada em CD, em projeto coordenado por Abdelhak Razky, da UFPA. Mais de 600 cartas lingüísticas podem ser consultadas no programa, que permite estudos aprofundados sobre fonemas

Atlas sonoro paraense

Diversidade da fala do interior do Pará é registrada em CD, em projeto coordenado por Abdelhak Razky, da UFPA. Mais de 600 cartas lingüísticas podem ser consultadas no programa, que permite estudos aprofundados sobre fonemas

25 de maio de 2004

Diversidade da fala do interior do Pará é registrada em CD, em projeto coordenado por Abdelhak Razky, da UFPA (foto: UFPA)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A equipe do lingüista Abdelhak Razky, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), percorreu dez localidades do interior do Estado para produzir o Atlas Geo-sociolingüístico do Pará, que acaba de ser lançado. Em cada região, foram ouvidos dois homens e duas mulheres. Todos responderam a um extenso questionário com 159 vocábulos.

"Conseguimos obter mais de 600 cartas lingüísticas a partir das entrevistas feitas", disse Razky à Agência FAPESP. Cada entrevistado, ao responder às questões previamente elaboradas, deixou gravado no programa de computador 159 manifestações fonéticas da língua portuguesa.

"A partir das semelhanças e diferenças encontradas na amostragem, se pôde ter um bom perfil da variação da pronúncia que existe no Pará", afirmou o coordenador do atlas. Foram entrevistadas pessoas em duas faixas etárias – de 19 anos a 33 anos e de 40 anos a 70 anos –, todas com baixa escolaridade.

Exemplos como "pranta" ou planta ou ainda pasta ou "paista" apareceram com freqüência entre as variações captadas pelos pesquisadores. "Claro que existe um jogo de poder na sociedade. A princípio, as pessoas devem falar planta para obterem emprego. Mas a experiência tem nos mostrado que existem pessoas que ganham mais que professores e falam pranta todos os dias", disse.

O trabalho feito no Pará pode ser considerado inédito. Apesar de desde 1996 vários Estados participarem do Projeto Atlas Lingüístico do Brasil, e alguns já terem publicado os resultados em forma de livro, essa é a primeira vez que se pode também ouvir diretamente a fala do entrevistado.

"Obter a física do som é a ponta da ciência da linguagem. No CD, por meio de um programa feito na Holanda e divulgado de forma gratuita, o pesquisador interessado consegue fazer um estudo aprofundado sobre o fonema escolhido", disse Razky.

Depois que conseguir recursos para fazer mais visitas ao interior do Pará, o grupo de estudo da linguagem pretende avançar na segunda fase da pesquisa. "Queremos fazer a integração dos dados da zona urbana com a zona rural. O Brasil não é o conjunto de tudo isso. É bom saber como se dá essa variação. A população rural precisa fazer parte do perfil que queremos fazer da fala paraense", afirmou o professor da (UFPA).


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