Mudanças climáticas que afetam os pólos também interferem na atmosfera próxima aos trópicos, diz estudo (foto: Noaa)

Assinatura polar no Equador
25 de fevereiro de 2004

Mudanças climáticas que afetam os pólos em ciclos de 41 mil anos também interferem na atmosfera próxima aos trópicos, segundo estudo publicado pela revista Nature. A pesquisa investigou as temperaturas da superfície oceânica dos últimos dois milhões de anos

Assinatura polar no Equador

Mudanças climáticas que afetam os pólos em ciclos de 41 mil anos também interferem na atmosfera próxima aos trópicos, segundo estudo publicado pela revista Nature. A pesquisa investigou as temperaturas da superfície oceânica dos últimos dois milhões de anos

25 de fevereiro de 2004

Mudanças climáticas que afetam os pólos também interferem na atmosfera próxima aos trópicos, diz estudo (foto: Noaa)

 

Agência FAPESP - Os ciclos de 41 mil anos que alteram a paisagem nos pólos do planeta são conhecidos dos cientistas há pelo menos 80 anos. O fenômeno é relacionado com a alteração do eixo de inclinação da Terra, que acaba provocando mais – ou menos – insolação em determinados períodos. A grande testemunha dessas transformações são as calotas polares, que aumentam ou diminuem de tamanho conforme varia a intensidade da energia solar incidente.

Segundo o artigo High-latitude influence on the eastern equatorial Pacific climate in the early Pleistocene epoch, publicado na edição de 19/2 da revista Nature, assinado por Zhonghui Liu e Timothy Herbert, ambos do Departamento de Geociências da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, a região equatorial também sofre com os impactos desses alongados ciclos climáticos.

A pesquisa chegou às temperaturas da superfície da água do pacífico equatorial leste por meio de medidas bioquímicas de algumas espécies de fitoplâncton preservadas no sedimento marinho. A assinatura climática dos pólos no Equador surprendeu os pesquisadores.

A análise dos dados – o intervalo investigado abrangeu os últimos dois milhões de anos – mostrou que a queda das temperaturas em áreas próximas ao Equador precedia períodos de aumento do volume de gelo nos pólos e vice-versa. "Isso prova que o mecanismo não era iniciado pelos pólos", disse Katharina Billups, do Colégio de Estudos Marinhos da Universidade de Delaware, que comentou o trabalho para a Nature.

O período de tempo em que essa relação se mostrou mais forte, segundo o estudo, foi entre 1,8 milhão e 1,2 milhão de anos atrás. Os dados mostraram que as mínimas e máximas registradas no Pacífico Equatorial coincidiam com as mínimas e máximas de insolação detectadas nas altas latitudes. Essa correlação reforça a tese de influência dos pólos sobre as regiões equatoriais.

Segundo Katharina, apesar de o intervalo de tempo ter sido pequeno, em relação ao tempo de história de vida da Terra, não há dúvidas de que o tamanho da correlação descoberta é bastante interessante para a comunidade científica.


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