Pesquisa destaca que, no Recife, mais de 70% das crianças e adolescentes internados por asma não faz acompanhamento ambulatorial preventivo. Situação gera sofrimento para o paciente e altos custos para o sistema de saúde

Asma sem prevenção
21 de novembro de 2007

Pesquisa destaca que, no Recife, mais de 70% das crianças e adolescentes internados por asma não fazem acompanhamento ambulatorial preventivo. Situação gera sofrimento para o paciente e altos custos para o sistema de saúde

Asma sem prevenção

Pesquisa destaca que, no Recife, mais de 70% das crianças e adolescentes internados por asma não fazem acompanhamento ambulatorial preventivo. Situação gera sofrimento para o paciente e altos custos para o sistema de saúde

21 de novembro de 2007

Pesquisa destaca que, no Recife, mais de 70% das crianças e adolescentes internados por asma não faz acompanhamento ambulatorial preventivo. Situação gera sofrimento para o paciente e altos custos para o sistema de saúde

 

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – A maior parte das crianças e adolescentes internados por asma não faz acompanhamento ambulatorial preventivo. Essa é a principal conclusão de uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com base no número de atendimentos de urgência em duas unidades de saúde no Recife.

O trabalho, publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia, é resultado da dissertação de mestrado de Glaydys Reis Queiroz, orientada pelo coordenador-adjunto do Centro de Pesquisas em Alergia e Imunologia Clínica da UFPE, Emanuel Sarinho, autor principal do artigo.

Segundo o orientador, o objetivo do estudo foi verificar se crianças e adolescentes internados por crise aguda de asma faziam acompanhamento ambulatorial preventivo para o controle da doença.

"Os resultados destacam a existência de uma lacuna entre o encaminhamento feito pelo médico do serviço de internação hospitalar e a efetiva concretude da consulta ambulatorial de asma. Isso ocorre, possivelmente, devido ao baixo nível socioeconômico da maioria dos pacientes estudados, da dificuldade de acesso e da carência de serviços ambulatoriais que efetivamente tratem a doença", disse Sarinho à Agência FAPESP.

Os pesquisadores ouviram 169 pacientes internados com crise de asma, no período de 15 de janeiro a 16 de maio de 2001. No momento da internação foi aplicado um questionário em que se verificou a freqüência de acompanhamento ambulatorial para tratamento profilático.

Era considerado asmático o paciente que apresentasse duas ou mais crises de broncoespasmo. De acordo com o questionário, o paciente poderia ter os sintomas que classificariam a asma como intermitente ou persistente, sendo que esta última pode ser categorizada como leve, moderada ou grave.

O dado mais alarmante da pesquisa, segundo Sarinho, é que somente 27 crianças (16%) freqüentavam um ambulatório para tratamento preventivo de asma – e apenas 13% usavam medicação profilática.

"Priorizar a internação em detrimento do tratamento preventivo é um paradoxo que envolve, de um lado, o sofrimento do paciente e da família e, de outro, os custos para o sistema de saúde. O comprometimento da qualidade de vida traz grandes prejuízos ao desenvolvimento pleno da criança e do adolescente, que perde as atividades escolares e desportivas", explicou o médico.

De acordo com o estudo, 67% dos pacientes internados foram atendidos exclusivamente em serviços de urgência. Em relação ao perfil individual e familiar, a pesquisa constatou que a média de idade dos pacientes era de 5 anos, sendo que 54,4% eram do sexo masculino e 45,6% do feminino. A maioria das mães (72,4%) tinha de um a oito anos de estudo.

Apesar de constatar que o médico do serviço de urgência encaminhou 89 pacientes (53%) para tratamento preventivo de asma, o estudo ressalta que somente 27 pacientes (16%) conseguiram retornar para fazer o tratamento adequado.

"Uma política de saúde que possibilite real funcionamento do Programa Nacional de Controle de Asma é uma necessidade premente. Há alguns pontos isolados do país em que o programa funciona, mas, de forma geral, isso não ocorre. O efetivo funcionamento do programa resultará em economia para o Estado, em termos de custos diretos – com a redução de internação hospitalar – e indiretos, com redução de absenteísmo à escola e ao trabalho", disse Sarinho.

De acordo com o pesquisador, uma opção seria o reconhecimento e a valorização dos hospitais universitários de referência, além da criação de uma rede de atendimento secundário com médicos comprometidos e treinados com estrutura de apoio multiprofissional.


Prevenção farmacológica

A pesquisa detectou também dados preocupantes relativos à utilização da prevenção farmacológica. Somente 13% dos pacientes receberam medicação profilática. E cerca de 15% usaram medicação preventiva. O estudo aponta que esse valor é muito pequeno, se comparado com estudos semelhantes em outros países. As taxas de uso de terapia farmacológica profilática chegam a 80% na Finlândia, 52% no Reino Unido e 47,5% nos Estados Unidos.

"Nos casos dos pacientes que foram internados, o tratamento preventivo farmacológico se impõe e, atualmente, há disponibilidade de várias medicações preventivas seguras e eficazes. Mas o tratamento preventivo da asma envolve também medidas como evitar a exposição passiva ou ativa ao fumo, ambientes com poeira doméstica, o mofo que é abundante em fungos, bem como adotar medidas educacionais tais como aprender a respirar melhor e praticar esportes", explicou Sarinho.

Para ler o artigo A hospitalização por asma e a carência de acompanhamento ambulatorial, disponível na biblioteca eletrônica SciELO (FAPESP/Bireme), clique aqui.


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