Livro lançado pela Embrapa Meio-Norte mostra que o arroz vermelho chega a custar o dobro do arroz branco (foto: divulgação)

Arroz vermelho em extinção
09 de dezembro de 2005

Embrapa Meio-Norte, em Teresina, lança livro sobre a cultura do arroz vermelho, trazido pelos portugueses em 1535 e consumido principalmente no sertão nordestino. O produto, por causa do êxodo rural, chega a custar o dobro do arroz branco

Arroz vermelho em extinção

Embrapa Meio-Norte, em Teresina, lança livro sobre a cultura do arroz vermelho, trazido pelos portugueses em 1535 e consumido principalmente no sertão nordestino. O produto, por causa do êxodo rural, chega a custar o dobro do arroz branco

09 de dezembro de 2005

Livro lançado pela Embrapa Meio-Norte mostra que o arroz vermelho chega a custar o dobro do arroz branco (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Apesar de ser uma cultura desconhecida de parte da população brasileira, o arroz vermelho (Oryza sativa L.) é considerado um dos principais componentes na dieta alimentar dos habitantes do sertão nordestino. O alimento é cultivado principalmente nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará, Bahia e Alagoas.

A Embrapa Meio-Norte, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Teresina (PI), resolveu aprofundar o assunto e acaba de lançar o livro O arroz vermelho cultivado no Brasil, de autoria do pesquisador José Almeida Pereira. A obra tem o objetivo de divulgar informações gerais e técnicas sobre esse patrimônio alimentar e genético.

"O arroz vermelho foi trazido pelos portugueses em 1535, por meio da capitania de Ilhéus, na Bahia. Foi o primeiro tipo de arroz a chegar ao Brasil. O arroz branco só chegou em 1765, principalmente pelo Maranhão", disse Pereira à Agência FAPESP.

Segundo ele, o arroz vermelho, hoje, é plantado por pequenos agricultores em sistemas de produção bastante precários. "Mas trata-se de um alimento altamente saboroso e consumido por todas as classes sociais nordestinas. O mercado é muito grande e a produção muito pequena", explica Pereira. Atualmente, a maior área plantada fica no Vale do Piancó, na Paraíba. "Esse local é considerado o refúgio do arroz vermelho no Brasil."

Uma das principais preocupações com o livro, segundo o pesquisador da Embrapa Meio-Norte, é chamar a atenção para o processo de extinção que o alimento tem sofrido. A forte concorrência da indústria do arroz branco e o acelerado êxodo rural são algumas razões. Isso faz com que seu valor de mercado seja bem superior ao arroz tradicional. "O vermelho chega a custar o dobro do melhor arroz branco vendido no país", conta Pereira.

A importância da preservação da variabilidade genética do arroz vermelho, de modo a manter a qualidade do alimento e promover seu melhoramento genético, também é alvo de discussões. "Infelizmente, a tendência aponta para a extinção do arroz vermelho. E a falta de pesquisas nessa área pode contribuir para o desaparecimento de vários genes de interesse importantes para a segurança alimentar das famílias nordestinas", afirma o autor.

O livro mostra ainda que as formas de se consumir o arroz vermelho variam de região para região. No sertão paraibano, por exemplo, ele é consumido principalmente com feijão-de-corda e queijo coalho, num prato conhecido como "arrubacão". Em outros locais, ele é utilizado na alimentação de crianças, na forma de caldo de arroz.

Mais informações sobre o livro O arroz vermelho cultivado no Brasil podem ser obtidas pelo telefone (86) 3225-1141 ou pelo e-mail sac@cpamn.embrapa.br


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