De acordo com o estudo recém-divulgado, o principal poluente é o dióxido de carbono, cujos níveis na atmosfera aumentaram em mais de 30% desde o período pré-industrial(foto: NCAR)

Aquecimento humano
03 de dezembro de 2003

Cientistas norte-americanos concluem que o homem está afetando o clima do planeta. A situação pode piorar mais, de acordo com estudo feito por Thomas Karl, da NOAA, e Kevin Trenberth, da NCAR, que verificaram uma probabilidade de 90% de ocorrer um aumento nas temperaturas de 1,7°C e 4,9ºC entre 1990 e 2100

Aquecimento humano

Cientistas norte-americanos concluem que o homem está afetando o clima do planeta. A situação pode piorar mais, de acordo com estudo feito por Thomas Karl, da NOAA, e Kevin Trenberth, da NCAR, que verificaram uma probabilidade de 90% de ocorrer um aumento nas temperaturas de 1,7°C e 4,9ºC entre 1990 e 2100

03 de dezembro de 2003

De acordo com o estudo recém-divulgado, o principal poluente é o dióxido de carbono, cujos níveis na atmosfera aumentaram em mais de 30% desde o período pré-industrial(foto: NCAR)

 

Agência FAPESP - Dois dos principais especialistas norte-americanos em estudos atmosféricos concluíram, após extensa revisão de análises científicas realizadas anteriormente, não haver a menor dúvida de que o homem está afetando de forma contundente o clima do planeta.

Thomas Karl, diretor do Centro de Dados Climátiticos da National Oceanic and Atmosferic Administration (NOAA), e Kevin Trenberth, chefe da Divisão de Análises Climáticas do National Center for Atmospheric Research (NCAR), verificaram que as emissões de poluentes, mais que fenômenos da natureza, têm sido a principal causa das alterações do clima na Terra nos últimos 50 anos. O estudo está na edição de 5/12 da revista Science.

"Gases que provocam o efeito estufa representam a maior influência do homem no clima do planeta. Os principais efeitos diretos dessa alteração climática são uma freqüência maior em ondas de calor, secas ou casos de extrema precipitação, mas há ainda impactos relacionados, como mudanças de vegetação ou aumento no nível do mar", disseram os autores em comunicado conjunto das duas agências norte-americanas.

Os cientistas estimam em 90% a probabilidade de ocorrer um aumento nas temperaturas globais de 1,7 a 4,9 graus Celsius, devido à influência humana, entre 1990 e 2100. O cálculo foi feito com base em simulações produzidas em computador, observações de mudanças atmosféricas e dados de mudanças no clima no último século.

No extremo mais otimista do variação, caso as temperaturas aumentem em 1,7ºC, as alterações no planeta serão relativamente pequenas. Um aumento de 4,9º, entretanto, poderá provocar impactos drásticos e difíceis de avaliar, como o derretimento de calotas polares e a conseqüente inundação de cidades e regiões litorâneas.

Karl e Trenberth confirmam que o principal poluente é o dióxido de carbono, principal responsável pelo efeito estufa. De acordo com o estudo, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera aumentaram em mais de 30% desde o período pré-industrial, pulando de 280 partes por milhão por volume (ppmv) a mais de 370 ppmv nos dias de hoje. Para os pesquisadores, se as emissões continuarem aumentando o mundo terá a maior mudança no clima em pelo menos 10 mil anos, que poderá influir de forma contundente, por exemplo, nas circulações dos oceanos ou nos padrões climáticos existentes.

Ainda que os países consigam diminuir as emissões e estabilizar os níveis de CO² na atmosfera, as temperaturas aumentarão em 0,5ºC entre 1990 e 2100, alertam os pesquisadores. O motivo é que os gases que intensificam o efeito estufa dissipam-se muito lentamente.

"Levando em conta o que aconteceu até hoje e o que podemos projetar para o futuro, certamente teremos ainda mudanças muito maiores no clima do planeta", disseram Karl and Trenberth.

Os cientistas norte-americanos afirmam que mais estudos são necessários para entender os impactos regionais e global da alteração no clima. Pedem que sejam feitos mais estudos sobre modelos gerados por computador a respeito dos complexos aspectos do clima terrestre. Tal esforço exigirá uma grande colaboração internacional e a implantação de um sistema de monitoramento mundial para coletar e analisar dados.


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