A FAPESP selecionou os projetos e a Fundação Roberto Marinho disponibilizou cursos on-line para a formação dos bolsistas (foto: Freepik*)

Difusão do Conhecimento
Apoiados pela FAPESP, alunos de graduação produzem conteúdo de divulgação científica
08 de abril de 2025

Iniciativa lançada em parceria com a Fundação Roberto Marinho busca estimular e qualificar os estudantes para atuar na difusão do conhecimento

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08 de abril de 2025

A FAPESP selecionou os projetos e a Fundação Roberto Marinho disponibilizou cursos on-line para a formação dos bolsistas (foto: Freepik*)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – O que as algas azuis (cianobactérias), microrganismos que produzem oxigênio por meio da fotossíntese, podem fazer pela saúde humana? Quinze vídeos curtos, disponíveis nas redes sociais, explicam como substâncias com potencial antibiótico, antioxidante, anti-inflamatório e anticâncer – usadas pelas cianobactérias para se adaptar à vida na Terra há milhões de anos – podem ser a base para o desenvolvimento de novos fármacos.

Produzidos pelo Lab Azul, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), os vídeos integram um dos 93 projetos selecionados no edital Comunicar Ciência, lançado por meio de uma parceria entre a FAPESP e a Fundação Roberto Marinho.

A chamada teve como objetivo estimular e qualificar estudantes de graduação para atuar na difusão da informação científica e tecnológica, fomentar seu engajamento nas atividades de pesquisa em sua própria universidade e ampliar o acervo de conteúdos sobre ciência e tecnologia veiculados nas multitelas do Futura, canal de educação da Fundação Roberto Marinho, e nas plataformas da FAPESP.

Os projetos foram desenvolvidos por duplas de alunos que, sob a supervisão de um pesquisador responsável, receberam bolsas de iniciação científica do Programa FAPESP Mídia Ciência, na modalidade Jornalismo Científico, para desenvolver podcasts, reels (vídeos para redes sociais), videorreportagens ou reportagens em texto sobre projetos científicos.

“Cada uma das 93 propostas de trabalho entregou, pelo menos, três produtos de divulgação científica desenvolvidos pela dupla de bolsistas. Além da enxurrada de conteúdos produzidos como resultado desse edital – que poderão auxiliar ou gerar curiosidade em um número grande de pessoas –, a iniciativa trabalha a comunicação da ciência como uma parte importante do fazer ciência, tema que ainda não está muito presente nas grades curriculares dos cursos de graduação”, afirma Niels Olsen Saraiva Câmara, assessor da Diretoria Científica da FAPESP.

A FAPESP selecionou os projetos e a Fundação Roberto Marinho disponibilizou cursos on-line sobre produção audiovisual e reportagens em textos para a formação dos bolsistas. Ao longo de seis meses, os estudantes também passaram por mentorias individualizadas com jornalistas experientes, que atuam na divulgação científica, para o desenvolvimento de conteúdos relacionados aos projetos científicos do qual fazem parte.

“O Comunicar Ciência funcionou como uma espécie de bolsa-reportagem, mas olhando a divulgação científica sob a perspectiva da academia, de quem está realizando um projeto de pesquisa”, afirmou Luiza Goulart, líder de projeto do Laboratório de Educação da Fundação Roberto Marinho.

O material produzido pelos bolsistas será publicado na Coeduca – plataforma de conteúdos digitais para apoiar professores e estudantes da educação básica desenvolvida no âmbito da parceria entre FAPESP e Fundação Roberto Marinho – e nos canais dos laboratórios de pesquisa e das universidades participantes.

Conteúdos de qualidade

Além do material sobre as cianobactérias, produzido por Júlia Miranda Beltran e Letícia Satie Oide, do curso de Ciências Farmacêuticas da USP, há um podcast produzido pelo grupo “O ensino da fé cristã na Península Ibérica (sécs. 14, 15 e 16)”, do Departamento de História da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Assis. O programa conta de forma bem-humorada os ensinamentos morais contidos na obra Kalila e Dimna, livro originalmente escrito na Índia e adaptado para o árabe no século 8 por Ibne Almocafa, um muçulmano de origem persa, que se difundiu por quase toda a Europa na Idade Média.

Nesse podcast, os estudantes Bruna Dias Souza Freire e Roberto Caliani Janeiro Filho apresentam para professores e estudantes de ensino fundamental e médio as histórias que marcaram a corte de Castela no final da Idade Média. Os contos eram direcionados para a instrução moral e auxiliavam na aprendizagem e formação de comportamentos de reis, rainhas, príncipes, bem como da população em geral.

Há também uma jornada televisiva sobre um anfíbio venenoso que habita as florestas do Brasil. “No primeiro episódio, abordamos o sapinho pingo-de-Ouro, que é do tamanho da unha do dedão do pé e vive na Mata Atlântica. No segundo episódio, falamos da pandemia da quitridiomicose, um fungo que está matando anfíbios no mundo inteiro. Já no terceiro episódio, contamos como as mudanças climáticas estão afetando esses animais e como alguns projetos de conservação e a pesquisa científica podem ajudar, junto com a sociedade, a mitigar essa possível extinção de espécies”, conta Júlia Checchinato, que concluiu recentemente o bacharelado em biologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, ao lado de Juliane Lopes, desenvolveu a videorreportagem sobre o pingo-de-ouro.

Outro projeto do Comunicar Ciência juntou uma estudante de química e uma de psicologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) para produzir reportagens em texto sobre vidros. Após uma pesquisa com o público que queriam atingir (alunas do ensino médio), as bolsistas desenvolveram três reportagens sobre o material e suas utilidades.

“Na química, os vidros atraem interesse por estarem fora de equilíbrio termodinâmico. Apesar de serem onipresentes em nosso cotidiano, há um avanço tecnológico na área que passa muitas vezes despercebido. Muitos tipos de vidro [materiais conhecidos como biovidros e biovitrocerâmicas] podem ser usados em implante para regeneração óssea, por exemplo. Há também fibras ópticas feitas de vidro, que conectam o mundo via internet. Portanto, são várias as aplicações e muitas histórias interessantes que poderiam render boas reportagens”, comenta Laura dos Reis Gonçalves, graduanda em química na UFSCar.

Ao lado de Regiane Oliveira dos Santos, Gongalves abordou instrumentos feitos de vidro, trabalho que envolve perfeccionismo e muita técnica, bem como projetos que utilizam inteligência artificial para a criação de novas composições vítreas.

O edital Comunicar Ciência é parte do Projeto Ciência para Todos, que abrange também: o Prêmio Ciência para Todos, de incentivo ao desenvolvimento de atividades científicas em escolas públicas (leia mais em: agencia.fapesp.br/53253); a série documental Ciência para Todos, que visa comunicar ao grande público como importantes pesquisas financiadas pela FAPESP impactam diretamente a sociedade; o edital Praticar Ciência, para a produção de materiais pedagógicos produzidos por alunos de licenciatura; e a Coeduca.

Imagem de freepik

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