Após seis anos, a sonda Stardust retorna à Terra. Traz com ela partículas do cometa Wild 2, na primeira coleta feita depois das missões à Lua (ilustr.: Nasa)

Aonde nenhuma nave jamais esteve
12 de janeiro de 2006

Após seis anos, a sonda Stardust retorna à Terra. Traz com ela partículas do cometa Wild 2, na primeira coleta feita depois das missões à Lua, e dois chips com os nomes de mais de 1 milhão de pessoas

Aonde nenhuma nave jamais esteve

Após seis anos, a sonda Stardust retorna à Terra. Traz com ela partículas do cometa Wild 2, na primeira coleta feita depois das missões à Lua, e dois chips com os nomes de mais de 1 milhão de pessoas

12 de janeiro de 2006

Após seis anos, a sonda Stardust retorna à Terra. Traz com ela partículas do cometa Wild 2, na primeira coleta feita depois das missões à Lua (ilustr.: Nasa)

 

Agência FAPESP - Konstantin Tsiolkovsky, Robert Goddard, Wernher von Braun e outros pioneiros dos foguetes modernos certamente sorririam satisfeitos. Nunca um objeto construído pelo homem voou tão longe e voltou. No próximo dia 15, quando a sonda Stardust pousar no deserto, próximo ao Campo de Testes de Utah da Força Aérea norte-americana, ela terá percorrido quase 5 bilhões de quilômetros desde que deixou a Terra, em 7 de fevereiro de 1999.

Mas ir aonde nenhuma nave construída pelo homem jamais esteve – para parafrasear o famoso bordão da série Jornada nas estrelas – é o menor dos feitos da Stardust. A sonda não apenas está de volta como traz uma bagagem muito valiosa: amostras de um cometa.

São dezenas de milhares de grãos de poeira colhidos do cometa Wild 2. É a primeira vez que uma missão norte-americana volta com amostras sólidas desde o fim do programa Apolo, em 1972 – uma missão soviética não-tripulada trouxe amostras lunares em 1976. Também é a primeira amostra vinda do espaço além da Lua.

No dia 2 de janeiro de 2004, a nave da Nasa, a agência espacial norte-americana, chegou a apenas 240 quilômetros do Wild 2, o suficiente para conseguir prender as amostras em seu coletor. As partículas foram grudadas em aerogel, o mais leve de todos os sólido. Trata-se de uma superfície gelatinosa transparente e mil vezes menos densa do que o vidro, criada na década de 1930 e aperfeiçoada pela Nasa. Muito leve, praticamente sem peso, mas altamente resistente.

Apesar da longa jornada e de alguns problemas encontrados durante a missão – como a perda de contato com a nave devido a uma explosão solar –, é a partir de agora que o principal trabalho começará. Logo em seguida ao pouso, o coletor será removido e levado ao Centro Espacial Johnson, em Houston.

Segundo a Nasa, as partículas, com cerca de um terço de milímetro cada uma, serão divididas em partes ainda menores, catalogadas e enviadas a diversos laboratórios espalhados pelo mundo. Apesar do tamanho reduzido, os responsáveis pela missão apontam que as amostras serão estudadas por várias décadas.

O objetivo da distribuição é ampliar o espectro de pesquisa em busca de informações sobre a formação do Sistema Solar, há mais de 4,6 bilhões de anos. "A parte realmente grande da pesquisa está pronta para começar. O trem já está na estação e estamos todos esperando por sua partida", diz Donald Brownlee, professor da Universidade de Washington e principal investigador do projeto.

A ansiedade de Brownlee não se deve apenas à vontade de ter as amostras do cometa em mãos. Antes, é preciso superar a última e uma das maiores dificuldades da missão: o pouso. Em mais um lance inédito da Stardust, a nave reentrará na atmosfera terrestre a 47,7 mil quilômetros por hora. Nunca um equipamento feito pelo homem chegou a tamanha velocidade.

Não será toda a nave que voltará à Terra, mas somente a cápsula de retorno, que contém as amostras do Wild 2. O primeiro pára-quedas abrirá a 31 mil metros. Aos 3 mil metros, será a vez do pára-quedas principal. O pouso está previsto para as 8h12 do domingo (hora de Brasília).

Além das amostras do cometa, a cápsula trará de volta dois chips, um com 136 mil nomes gravados e o segundo com 1 milhão. São nomes de pessoas de todo o mundo, digitados no site da missão na internet antes do lançamento da Stardust e levados ao encontro com o Wild 2. O chip será levado a um museu e os nomes poderão ser lidos com a ajuda de um microscópio eletrônico.

Mais informações: http://stardust.jpl.nasa.gov


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