Primeiro registro de aves do período Cretáceo no Brasil, fósseis de Enantiornithes são apresentados no Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados (foto: W.Castilhos)

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11 de agosto de 2005

Primeiro registro de aves do período Cretáceo no Brasil, fósseis de Enantiornithes são apresentados no Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados

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Primeiro registro de aves do período Cretáceo no Brasil, fósseis de Enantiornithes são apresentados no Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados

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Primeiro registro de aves do período Cretáceo no Brasil, fósseis de Enantiornithes são apresentados no Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados (foto: W.Castilhos)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - Os fósseis das primeiras aves do período Cretáceo (há 80 milhões de anos) registradas no Brasil foram apresentados nesta quarta-feira (10/8), no primeiro dia do 2o Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, que está sendo realizado no Rio de Janeiro até o dia 12.

A descoberta foi feita há apenas dois meses, a partir de material coletado pelos pesquisadores Herculano Alvarenga, do Museu de História Natural de Taubaté, e William Nava, do Museu de Paleontologia de Marília, em sedimentos maciços da região de Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

Algumas semelhanças com fósseis de outras aves do Cretáceo Superior encontrados na Argentina levaram os cientistas a afirmar que as aves brasileiras também pertencem à mesma subclasse – a dos Enantiornithes. "São três ou quatro aves. O material confirma que são Enantiornithes, morfologicamente muito próximas a Enantiornes leali, mas bem menores", explicou Alvarenga.

As brasileiras são menores que os exemplares argentinos – medem o tamanho de um pardal. Entretanto, as semelhanças com aves que hoje conhecemos param por aí. "Os Enantiornithes não são ancestrais das aves atuais", observou o pesquisador.

Segundo Alvarenga, no Cretáceo eram essas as aves que predominavam. Desapareceram provavelmente durante o evento de extinção em massa que marcou o fim do período e o início do Terciário, vitimando também os dinossauros e outros répteis gigantes.

Características anatômicas também provam a diferença entre esse grupo de aves extintas e as hoje existentes. Os metatarsais (ossos da parte média dos pés) dos animais encontrados são separados como os dos dinossauros, enquanto os dos pássaros atuais são juntos.

"Hoje, as aves têm a escápula com uma forma esférica, côncava. Os Enantiornithes não", afirmou o paleontólogo, que apresentou os diversos ossos, notavelmente delicados. "Os finos detalhes desses ossos e a dificuldade de associação prejudicam a montagem da ave. Sabemos que são animais diferentes, pois um apresenta determinados dedos mais finos ou mais grossos do que os encontrados no outro."

Além da Argentina, as espécies já haviam sido registradas na China, na América do Norte e na Europa. "Esse material representa o primeiro registro de aves para o Cretáceo brasileiro, além de contribuir para o melhor conhecimento do período Mesozóico do Brasil", afirmou.


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