Ameaça de novo apagão
26 de julho de 2004

O ex-presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, afirma que o Brasil precisa aumentar a capacidade de ofertar energia elétrica em 5% ao ano para que a população não venha a sofrer outro apagão a partir de 2006

Ameaça de novo apagão

O ex-presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, afirma que o Brasil precisa aumentar a capacidade de ofertar energia elétrica em 5% ao ano para que a população não venha a sofrer outro apagão a partir de 2006

26 de julho de 2004

 

Por Thiago Romero, de Cuiabá

Agência FAPESP - Se o Brasil não investir na ampliação da infra-estrutura de geração de energia elétrica, correrá um sério risco de sofrer novo apagão a partir de 2006. A previsão do professor de física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, deixou o público atento ao eventual problema durante a conferência "Perspectiva do setor elétrico no Brasil", na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Cuiabá.

Para que o apagão não ocorra e o Brasil consiga se ver livre do racionamento, Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, acredita que o país deveria investir recursos da ordem de US$ 12 bilhões em quatro anos para aumentar a oferta de energia. "O setor elétrico brasileiro precisa ampliar sua capacidade de oferta em 5% ao ano, considerando o custo de US$ 1 mil por cada kilowatt adicional a ser gerado", disse.

Para Pinguelli Rosa, um dos motivos que leva à necessidade de maiores investimentos é a privatização de parte do setor elétrico. "Com as privatizações, a demanda cresceu mais que a oferta e as empresas não investiram para expandir. Grande parte do dinheiro arrecadado por essas empresas é usado para pagar juros de dívida externa", disse. "Além disso, o Governo Federal, por meio da Eletrobrás, só investiu R$ 3 bilhões em 2003 na ampliação do setor. Se não houver iniciativa estatal, o país pode passar por outro apagão."

Segundo o professor da UFRJ, o atual governo já aprovou e deverá implantar um modelo energético onde todos os distribuidores poderão comprar energia de todas as empresas geradoras, públicas ou privadas.

Pinguelli Rosa sugere esforços no sentido de fazer com que a energia elétrica seja regulamentada seguindo um modelo público, sujeito a regras, como ocorre com o transporte coletivo, onde o preço é fixado.

"Precisamos voltar a regulamentação. O mercado de energia elétrica deve seguir regras. Até então, não havia ninguém encarregado de regular o setor", disse. "Mas o Governo já está criando a Empresa de Planejamento Energético, que deverá ser responsável por estabelecer novas diretrizes para o setor."


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