Para Miguel Aloysio Sattler, professor da UFRGS, os países precisam começar a planejar as cidades do futuro. "Em 50 anos, a população será maior e os recursos mais escassos. As cidades deverão produzir seu próprio alimento para evitar gastos energéticos",

Ambiente sustentável
17 de outubro de 2007

Para Miguel Aloysio Sattler, professor da UFRGS, os países precisam começar a planejar as cidades do futuro. "Em 50 anos, a população será maior e os recursos mais escassos. As cidades deverão produzir seu próprio alimento para evitar gastos energéticos", disse

Ambiente sustentável

Para Miguel Aloysio Sattler, professor da UFRGS, os países precisam começar a planejar as cidades do futuro. "Em 50 anos, a população será maior e os recursos mais escassos. As cidades deverão produzir seu próprio alimento para evitar gastos energéticos", disse

17 de outubro de 2007

Para Miguel Aloysio Sattler, professor da UFRGS, os países precisam começar a planejar as cidades do futuro. "Em 50 anos, a população será maior e os recursos mais escassos. As cidades deverão produzir seu próprio alimento para evitar gastos energéticos",

 

Por Murilo Alves Pereira, de Porto Alegre

Agência FAPESP – Do tomate servido na salada no almoço ao tráfego intenso das grandes metrópoles, a questão da sustentabilidade está sempre presente. O tema foi debatido por especialistas na conferência "Cidades sustentáveis", durante o 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado em Porto Alegre na semana passada.

Segundo o engenheiro civil Miguel Aloysio Sattler, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os países deveriam começar a planejar as cidades do futuro. "Em 50 anos, a população será maior e os recursos mais escassos, por isso a cidade sustentável já deve ser pensada", disse à Agência FAPESP.

Para ele, a tendência é que os serviços urbanos sejam cada vez mais pontuais. Um edifício sustentável, por exemplo, deverá reciclar a água da chuva, utilizar painéis solares para aquecer a água ou fazer o próprio tratamento do esgoto. "As cidades deverão produzir seu próprio alimento para evitar gastos energéticos", disse.

Sattler citou o trabalho do pesquisador David Orr, do Oberlin College, nos Estados Unidos, que mediu os gastos de energia na alimentação humana naquele país. Segundo o estudo, na era pré-industrial um camponês consumia 1 caloria para produzir 50 calorias em alimentos. Hoje, para cada caloria produzida pela agricultura são gastas 17. Hoje, o alimento viaja em média 2,5 mil quilômetros antes de ser consumido.

Salvas as proporções, é o que também ocorre no Brasil. "O tomate que consumimos em Porto Alegre é produzido em Santa Catarina, mas viaja antes para São Paulo. A produção, a colheita e o transporte geram enormes gastos de energia", disse Sattler. Em relação à pecuária, segundo o cientista, é exemplar o Brasil produzir soja para alimentar o rebanho bovino europeu, do outro lado do oceano.

Para o jornalista André Trigueiro, apresentador do programa Cidade e Soluções, da Globo News, o consumismo do mundo capitalista é o principal problema ambiental da atualidade. A cultura do automóvel superlota as ruas das grandes cidades e prejudica a qualidade de vida das pessoas.

"A cultura do mundo é rodoviária. E não basta ter um carro qualquer, tem que ter um carro que abafe", disse Trigueiro, mencionando o uso de automóveis 4X4 em pleno solo urbano e da associação de consumo com auto-imagem. "É preciso perder a idéia de que somos o que temos", disse.

Segundo Trigueiro, a sustentabilidade depende da mudança mundial da matriz energética, o que não deverá mudar nos próximos anos. "As duas rodas que movem a bicicleta da economia mundial se baseiam em energia suja", disse, referindo-se aos Estados Unidos e à China.


Sustentabilidade humana

Para Miguel Sattler, a cidade sustentável está em cada componente que a compõe. "É preciso que os serviços e produtos garantam a qualidade de vida das pessoas", disse.

No cultivo do tomate, por exemplo, são aplicados agrotóxicos e, na sua conservação, mais agentes químicos garantam que o produto não se estrague pelo caminho. Segundo o pesquisador, a sociedade está sujeita a uma elevada carga de produtos tóxicos por motivo de uma produção de alimentos não sustentável.

"É questão de nossa própria sustentabilidade garantir uma vida saudável para nós e nossos descendentes", destacou. Redução da fertilidade dos espermatozóides, doenças degenerativas e qualidade do leite materno seriam exemplos dos efeitos da variedade de produtos químicos na saúde humana.

"Há estudos que indicam até mesmo que o cadáver humano deveria ser tratado como resíduo tóxico, e não enterrado de qualquer maneira, tamanha a concentração de elementos nocivos em nosso corpo quando morremos", exemplificou.

O professor da UFRGS usou a água mineral servida no congresso em outro exemplo. O rótulo da garrafinha informa que a água contém 34 miligramas de nitrato por litro de água, quando o máximo permitido por lei é 10. "Quando questionaram a empresa sobre essa questão, a resposta foi que o rótulo do produto diz ‘água mineral’ e não ‘água potável". Mas as pessoas não se preocupam com essa questão. Não se importam com a própria sustentabilidade que está em jogo", disse.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.