Estudo analisa as variáveis que levam ao uso de cocaína em presídios do Rio de Janeiro. Cada ano a mais que um detento passa na prisão, a chance de usar a droga aumenta em 13%

Ambiente hostil
17 de fevereiro de 2006

Estudo analisa as variáveis que levam ao uso de cocaína em presídios do Rio de Janeiro. Cada ano a mais que um detento passa na prisão, a chance de usar a droga aumenta em 13%

Ambiente hostil

Estudo analisa as variáveis que levam ao uso de cocaína em presídios do Rio de Janeiro. Cada ano a mais que um detento passa na prisão, a chance de usar a droga aumenta em 13%

17 de fevereiro de 2006

Estudo analisa as variáveis que levam ao uso de cocaína em presídios do Rio de Janeiro. Cada ano a mais que um detento passa na prisão, a chance de usar a droga aumenta em 13%

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Um estudo realizado na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, indica que a chance de um presidiário usar cocaína aumenta a cada ano passado na prisão.

A pesquisa, publicada na Revista de Saúde Pública, baseou-se em dados da Secretaria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Ao todo, foram selecionados para responder um questionário 1.314 indivíduos de diferentes unidades do sistema penitenciário fluminense em 1998. Os presos analisados tinham comportamentos opostos em relação ao uso da cocaína, ou seja, eram tanto usuários como não-usuários.

"A intenção foi identificar os grupos de presos mais vulneráveis ao uso de cocaína na prisão, de modo a mapear as principais variáveis que poderiam levá-los ao vício", disse Márcia Lazaro de Carvalho, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Ensp e autora do estudo, à Agência FAPESP.

O questionário incluiu perguntas como a situação sociodemográfica dos internos, histórico penal e uso de outras drogas antes e depois da prisão. As respostas indicaram que o ambiente carcerário e o tempo de cumprimento da pena, associados ao uso de álcool e de maconha, foram os principais fatores que estimularam o uso de cocaína.

"A partir de uma série de análises estatísticas e métodos de regressão, chegamos à conclusão de que, cada ano que passa na prisão, o indivíduo tem 13% a mais de chance de se tornar um usuário", diz Márcia. "E os detentos que já usam álcool ou maconha têm uma chance ainda maior."

Do total de presos que responderam ao questionário, 376 (29%) já tinham usado a droga na prisão. Desses, 42 passaram a usá-la após terem sido presos e 334 já faziam uso antes da prisão e mantiveram o hábito. O outro grupo de 938 presos (71%) disse nunca ter usado cocaína.

Além do consumo de álcool e maconha, Márcia sugere que o uso da cocaína tenha relação direta com o aumento do cumprimento da pena. "Quanto maior é o convívio no ambiente carcerário, maior é a probabilidade de consumir a droga. Isso porque, com o passar dos anos, a cocaína passa a ser encarada com mais naturalidade e menos preconceito", explica a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública.

Para ler o artigo Modelo preditivo do uso de cocaína em prisões do Estado do Rio de Janeiro, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


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