Amazonas começa a investir em pesquisa
15 de julho de 2003

Em simpósio na 55ª SBPC, assessor da Fapeam anuncia atividades da recém-criada fundação e, junto com representante do Inpa, reivindica maior participação do Governo Federal em pesquisa na região

Amazonas começa a investir em pesquisa

Em simpósio na 55ª SBPC, assessor da Fapeam anuncia atividades da recém-criada fundação e, junto com representante do Inpa, reivindica maior participação do Governo Federal em pesquisa na região

15 de julho de 2003

 

Por André Muggiati, do Recife


(Agência FAPESP) - Com orçamento de cerca de R$ 9 milhões, a recém-criada Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) começa com o lançamento de diversos editais. Os primeiros referem-se a bolsas de mestrado, doutorado e iniciação científica. Nos próximos meses, a fundação deverá lançar outros, de pesquisas dirigidas para as necessidades regionais, atração de professores visitantes e financiamento de viagens de pesquisadores para eventos.

As atividades da Fapeam foram anunciadas por seu assessor técnico, o professor da Universidade do Amazonas Wandick da Silva Batista, durante o simpósio Ciência e Tecnologia e o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, na terça-feira (15/7), durante a 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Recife.

Contando com a participação de Vera Maria Fonseca de Almeida e Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o simpósio teve conteúdo focado em reivindicações de mais recursos por parte do governo federal em ciência e tecnologia na região Amazônica, que compreende 57% do território nacional, mas recebe apenas 2% dos recursos.

Vera Val comentou anúncio recente feito pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do investimento na região do equivalente ao que os Estados investirem. "Isso só vai manter a situação atual. Para cada R$ 1 investido pelo Estado, o Governo Federal deve investir R$ 10, de modo que haja estímulo ao desenvolvimento", afirmou. Para ela, isso só vai ser conseguido "se gerar vaga, crescer o sistema e criar infra-estrutura".

Para Vera Val, o foco dos investimentos deve ser na concessão de bolsas para cientistas na região. "O Inpa tem capacidade instalada para aumentar sua formação de mestres e doutores, mas na região amazônica isso não é possível se não houver bolsas. Existem regiões que precisam ser povoadas do ponto de vista tecnológico", disse.

Wandick Batista também apresentou reivindicações do Fórum de Secretários Estaduais de Ciência e Tecnologia da Amazônia, que se reuniu no início de julho. Entre os pedidos, que deverão ser apresentados ao Governo Federal, estão a criação de centros de excelência em cada Estado da região amazônica, apoio a arranjos produtivos locais e a recuperação e ampliação da infra-estrutura laboratorial.

Além disso, o fórum dos secretários amazônicos definiu que os governos estaduais vão consolidar as fundações estaduais de amparo à pesquisa, instituir programas de formação e fixação de pesquisadores e traçar programas integrados de educação e pesquisa voltados às vocações regionais.

Criada em 2002, a Fapeam é a primeira das fundações estaduais de amparo da região a se comprometer com investimentos constantes em ciência e tecnologia. Entre os programas da fundação está ainda o de indução à interiorização da pesquisa, buscando levar os pesquisadores da região para o interior, uma vez que atualmente eles se concentram em Manaus. Este programa deverá dar bolsas para pesquisas na área rural e em reservas indígenas e planeja a instalação de infra-estrutura para hospedar cientistas em viagens pelas cidades do interior.


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