Arturo Escobar, da Universidade da Carolina do Norte, defendeu o enfrentamento da crise de modernidade em Olinda (foto: E. Geraque)
Em conferência durante a Reunião Brasileira de Antropologia, em Olinda, o colombiano Arturo Escobar, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, defende o enfrentamento da chamada "crise da modernidade"
Em conferência durante a Reunião Brasileira de Antropologia, em Olinda, o colombiano Arturo Escobar, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, defende o enfrentamento da chamada "crise da modernidade"
Arturo Escobar, da Universidade da Carolina do Norte, defendeu o enfrentamento da crise de modernidade em Olinda (foto: E. Geraque)
Agência FAPESP - O nem sempre elogiado sociólogo português Boaventura de Sousa Santos é um dos responsáveis pelo surgimento do termo "crise da modernidade". Com base nas idéias do intelectual ibérico, Arturo Escobar, pesquisador colombiano que vive atualmente nos Estados Unidos, estruturou a conferência apresentada em Olinda, na segunda-feira (14/6), durante a realização da Reunião Anual da Associação Brasileira de Antropologia.
Escobar, pesquisador da Universidade de Carolina do Norte, usou também as discussões de um grupo de intelectuais de países andinos para defender o que chamou de análise radical da modernidade. "Espero que os povos que viveram os últimos 100 anos de solidão possam ter uma segunda chance", disse, parafraseando o escritor e conterrâneo Gabriel Garcia Marques.
Segundo o conferencista, ao pensar o mundo a partir da América Latina é importante perceber a ocorrência do processo que chama de "colonialidade". Para Escobar, ao mesmo tempo em que a globalização espalha a modernidade aos quatro cantos do mundo, uma forte subalternização também ocorre em várias regiões do planeta.
Na visão de Escobar existem formas de criar o que chama de "globalização contra-hegemônica". "O modelo atual tem alternativas. É importante que os antropólogos passem das simples classificações. Podemos imaginar uma espécie de pluriversalismo, onde não existam apenas as formas totalizantes que vemos hoje", disse. O pesquisador não se furtou a criticar os Estados Unidos, que têm sido, segundo ele, o maior responsável por essa "globalização imperialista".
Dentro das novas formas de organização social, que devem partir de um local e não de um todo, como ocorre muitas vezes, existem opções, de acordo com o pesquisador da Universidade de Carolina do Norte, como caminhos mais radicais ou saídas mais negociadas. "Nesse segundo caso, temos que tentar conseguir o máximo que pudermos", afirmou.
Está claro, segundo Escobar, que a transição da modernidade para algo que ele ainda não sabe o que seria exatamente precisa ser feita de forma imediata. "Os problemas causados pela modernidade, como os ambientais, por exemplo, não apresentam respostas na própria modernidade", disse.
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