Comparação de imagens feitas por microscópio do carbonato de cálcio industrial (superior) com o de origem industrial (divulgação)

Alternativa natural
26 de dezembro de 2007

Pesquisa feita na UFSC demonstra vantagens do carbonato de cálcio extraído da casca do ovo em relação ao de origem industrial para utilização como diluente em produtos farmacêuticos e suplementos alimentares

Alternativa natural

Pesquisa feita na UFSC demonstra vantagens do carbonato de cálcio extraído da casca do ovo em relação ao de origem industrial para utilização como diluente em produtos farmacêuticos e suplementos alimentares

26 de dezembro de 2007

Comparação de imagens feitas por microscópio do carbonato de cálcio industrial (superior) com o de origem industrial (divulgação)

 

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Um novo estudo demonstrou que as propriedades físico-químicas do carbonato de cálcio extraído da casca do ovo apresentam maior estabilidade e resistência térmica quando comparado ao carbonato de cálcio produzido industrialmente – amplamente utilizado como diluente sólido em produtos farmacêuticos, odontológicos, cosméticos e em suplementos alimentares.

Compostas por 94% de carbonato de cálcio, as cascas de ovos de frango são excelente fonte dessa substância e podem ser uma alternativa ao produto de origem industrial. O trabalho, feito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi publicado pela revista Ciência e Tecnologia de Alimentos.

De acordo com Fábio Murakami, do Laboratório de Controle de Qualidade da UFSC e primeiro autor do estudo, o principal objetivo foi investigar reações físico-químicas e o comportamento térmico do carbonato obtido da casca de ovo em comparação ao industrial.

"As principais vantagens do derivado da casca de ovo são o aproveitamento do resíduo da agroindústria, que é um desafio ambiental, e a maior estabilidade em temperaturas superiores às investigadas para o carbonato de origem industrial", disse à Agência FAPESP

"O composto obtido da farinha de ossos não tem a mesma disponibilidade do cálcio extraído de fontes sintéticas. Nas conchas de ostras, o carbonato tem vestígios de chumbo, entre outros elementos potencialmente tóxicos como alumínio, cádmio e mercúrio. Nesse cenário, a casca de ovo tem a vantagem de não conter elementos tóxicos", afirmou Murakami. Há grande interesse no mercado em encontrar novas fontes puras de carbonato de cálcio.

De acordo com o pesquisador, a qualidade de apresentar maior estabilidade térmica poderá ser relacionada ao processamento tecnológico de farmacêuticos, dentifrícios, antiácidos, suplementos alimentícios, entre outros.

"O composto que apresentar maior estabilidade à temperatura poderá resistir a processos mais agressivos quando o elevado calor for considerado, além de apresentar um melhor prazo de validade", explicou Murakami.

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram métodos como análise térmica – que avalia as mudanças físicas dos compostos por meio de um programa controlado de temperatura –, difração de raios X e microscopia. Esses foram empregados para investigar a cristalinidade, aspectos estruturais, dimensão, textura, forma e comportamento das partículas tanto no carbonato de cálcio de origem industrial como no da casca de ovo.

"A combinação dessas técnicas proporciona interpretações rápidas e adequadas quanto à estabilidade térmica, à organização molecular e ao tamanho da partícula, possibilitando uma quantificação analítica das substâncias", explicou Murakami.

A análise térmica do carbonato de cálcio industrial indicou sua decomposição a temperaturas entre 601°C e 770°C, ao passo que o composto extraído da casca de ovo sofreu o mesmo processo entre 636°C e 795ºC.

"Os resultados demonstraram que o carbonato de cálcio de origem industrial se decompõe a cerca de 30°C a menos do que o obtido da casca de ovo, que se mostrou mais resistente ao calor e, por isso, mais estável em relação ao composto industrial", disse pesquisador.

A difração de raios X e a microscopia revelaram que, em ambas as fontes, as partículas de carbonato de cálcio apresentaram aspectos de cristalinidade semelhantes, e que no composto obtido da casca de ovo as partículas obtiveram tamanho maior, o que pode estar relacionado à maior estabilidade térmica.

"Nos dois casos, os compostos apresentaram parâmetros físico-químicos similares, indicando que o carbonato de cálcio extraído da casca de ovo pode ser uma nova opção como excipiente farmacêutico, ou seja, uma promissora área a ser explorada", destacou Murakami.

Para ler o artigo Physicochemical study of CaCO3 from egg shells , disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


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