Cientistas da Universidade Penn State anunciam a descoberta de milhões de micróbios congelados em uma amostra de gelo extraída na Groenlândia (foto: U.Penn)

Ainda vivos após 120 mil anos congelados
28 de maio de 2004

Cientistas da Universidade Penn State anunciam em reunião da Sociedade de Microbiologia dos EUA a descoberta de milhões de micróbios congelados em uma amostra de gelo extraída na Groenlândia. Organismos extraídos foram cultivados com sucesso

Ainda vivos após 120 mil anos congelados

Cientistas da Universidade Penn State anunciam em reunião da Sociedade de Microbiologia dos EUA a descoberta de milhões de micróbios congelados em uma amostra de gelo extraída na Groenlândia. Organismos extraídos foram cultivados com sucesso

28 de maio de 2004

Cientistas da Universidade Penn State anunciam a descoberta de milhões de micróbios congelados em uma amostra de gelo extraída na Groenlândia (foto: U.Penn)

 

Agência FAPESP - Parece história de filmes do tipo Parque dos Dinossauros. A diferença é ser real. Milhões de micróbios congelados – e ainda vivos – foram descobertos em uma amostra de gelo de cerca de 120 mil anos extraída 3 mil metros abaixo da superfície, em uma geleira na Groenlândia. O anúncio foi feito na quarta-feira (26/5), durante reunião da Sociedade de Microbiologia dos Estados Unidos, em New Orleans.

Para os cientistas da Universidade Penn State, responsáveis pelo estudo, a descoberta é importante por poder ajudar a definir os limites para a vida na Terra bem como em outros pontos do Universo, como em planetas frios como Marte.

De acordo com as pesquisadoras responsáveis pela descoberta, Vanya Miteva e Jean Brenchley, a maioria dos micróbios tinha menos de 1 micrômetro (milionésima parte do metro). São menores do que a maioria das bactérias conhecidas, que medem de 1 a 10 micrômetros. Foram encontradas também células ainda menores, que passaram por filtros com poros de 0,2 micrômetro.

As cientistas não sabem como a vida pode ter sido preservada por tanto tempo em placas de gelo submetidas a temperaturas abaixo de zero, desidratação, altas pressões e a baixas concentrações de oxigênio e de nutrientes. Como o gelo extraído estava misturado com antigas camadas de terra congeladas, os micróbios podem ter sido aprisionados não há 120 mil, mas há milhões de anos.

"Estamos particularmente interessadas na formação das células ultrapequenas que encontramos. Elas podem ser resultado de um possível mecanismo de sobrevivência, seja como formas diminutas de micróbios de tamanho regular ou como organismos anões intrinsicamente novos. Também queremos saber se essas células são capazes de manter suas funções metabólicas em condições tão adversas", disse Vanya em comunicado da Penn State.

De acordo com a cientista, mudanças fisiológicas que acompanham a redução do tamanho da célula podem ter feito com que ela se tornasse dormente ou que tenha mantido uma atividade extremamente reduzida, gastando um mínimo de energia.

Vanya e Jean conseguiram cultivar algumas das células encontradas, ainda que algumas tenham levado cerca de seis meses para formar colônias, que se desenvolveram mais rapidamente nos cultivos seguintes.

Diversos dos micróbios encontrados estão relacionados com uma variedade de microrganismos comuns a regiões gélidas, capazes de usar diferentes fontes de carbono e energia e de sobreviver sob condições extremas. Um exemplo é a bactéria Sphingopyxis alaskensis, abundante no Alasca.

As cientistas afirmam que mais estudos são necessários não apenas para descobrir os mecanismos de sobrevivência dos micróbios mas para entender melhor a fisiologia dessas pequenas criaturas. Elas lembram que cerca de 99% de todos os micróbios da Terra nunca foram isolados ou cultivados para estudo.


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