Estudo realizado pelo Centro de Estudos Ambientais da Unesp mostra altos índices de poluição por matéria orgânica e metais pesados na bacia do rio Corumbataí
Estudo realizado pelo Centro de Estudos Ambientais da Unesp mostra altos índices de poluição por matéria orgânica e metais pesados na bacia do rio Corumbataí
Agência FAPESP - "Desta vez tomamos um susto", admite Sâmia Maria Tauk-Tornisielo, coordenadora de uma pesquisa interdisciplinar que, desde 1991, investiga 24 parâmetros para análise da qualidade das águas dos rios da bacia do Corumbataí, localizada no interior do Estado de São Paulo. Os últimos dados coletados em março, e processados nos últimos meses, mostram que a situação nunca esteve tão grave. A cidade de Rio Claro é a mais afetada com o problema.
Segundo a pesquisadora, num dos pontos de coleta, antes de as águas serem tratadas por uma das estações de tratamento de esgoto instaladas na região, os níveis de coliformes fecais chegaram aos alarmantes 139.600 em 100 mililitros. "O limite fixado para o consumo humano é de 5000 NPM/100ml", diz Sâmia à Agência FAPESP.
"A prefeitura de Rio Claro instalou duas estações de tratamento na região, mas infelizmente elas não estão dando conta", diz a pesquisadora. Radicada em Rio Claro, Sâmia gosta de lembrar que o esgoto, muitas vezes, não é culpa apenas da prefeitura. "Todos são responsáveis", afirma. A cidade de Rio Claro tem apenas 30% dos seus esgotos domésticos tratados.
Quando a análise é feita sobre as séries históricas dos dados, percebe-se que o problema se agravou recentemente, e de forma bastante rápida. A partir de novembro de 2002, todos os pontos estudados ultrapassaram o limite de coliformes fecais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) como adequados para o consumo humano.
Desde 1996, em alguns pontos do rio, os pesquisadores encontraram níveis que entraram na chamada classe 4 do Conama. Isso significa que as águas em tais locais são impróprias para o consumo humano mesmo depois do tratamento tradicional. "Esses pontos são os mesmos usados para a captação de água da cidade de Rio Claro", conta Sâmia. "Mas, se nada for feito, o problema pode se alastrar por toda a bacia. É o princípio dos vasos comunicantes", adverte.
Os níveis de metais pesados encontrado nos peixes dos rios da Bacia do Corumbataí também são preocupantes. As análises dos animais no ponto mais poluído, realizadas pelo laboratório coordenado por Roberto Göitein, revelou uma taxa de 369.058 mg/l. O aceitável é 1.000 mg/l. "Isto é fruto direto da poluição das indústrias", diz Sâmia.
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