Pesquisa indica que maioria dos pacientes com síndrome metabólica apresenta alto índice de adesão ao tratamento com medicamentos, mas ignora os fatores de riscos cardiovasculares relacionados (Foto: NIH)
Pesquisa indica que pacientes com síndrome metabólica apresentam alta adesão ao tratamento, mas ignoram fatores de riscos cardiovasculares relacionados
Pesquisa indica que pacientes com síndrome metabólica apresentam alta adesão ao tratamento, mas ignoram fatores de riscos cardiovasculares relacionados
Pesquisa indica que maioria dos pacientes com síndrome metabólica apresenta alto índice de adesão ao tratamento com medicamentos, mas ignora os fatores de riscos cardiovasculares relacionados (Foto: NIH)
Agência FAPESP – Uma nova pesquisa, feita na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, indica que pacientes com diagnóstico de síndrome metabólica e que estavam sob tratamento medicamentoso com anti-hipertensivos, antilipêmicos (redutores de colesterol) e agentes antidiabéticos apresentam elevado índice de adesão ao tratamento, apesar de demonstrar desconhecimento sobre os fatores de riscos cardiovasculares, fortemente relacionados ao distúrbio.
O principal objetivo do estudo, publicado na revista Clinics, foi avaliar o nível de adesão de portadores de síndrome metabólica ao tratamento medicamentoso. Além disso, os pesquisadores investigaram a associação entre a adesão, acesso e uso de medicamentos e o conhecimento dos fatores de risco cardiovasculares, considerando as variáveis clínicas, sociais e demográficas.
De acordo com uma das autoras, Nilcéia Lopes, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Fármacos e Medicamentos da FCF, a síndrome metabólica pode ser entendida como um conjunto de fatores de risco que, ocorrendo simultaneamente em um mesmo indivíduo, aumenta a chance de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes do tipo 2.
“Indivíduos com síndrome metabólica apresentam três vezes mais probabilidade de sofrer infarto ou acidente vascular cerebral, quando comparados com aqueles que não a apresentam. Entre os fatores de risco se destacam a presença de sobrepeso ou obesidade – especialmente a obesidade abdominal –, a hipertensão arterial, o estado de pré-diabetes ou mesmo diabetes e alterações no metabolismo dos lipídios, especialmente no aumento de triglicérides”, disse à Agência FAPESP.
O estudo foi realizado em duas fases. Na primeira, foi feita a coleta e análise das informações registradas nos prontuários médicos, com o objetivo de identificar pacientes com diagnóstico de síndrome metabólica. Nessa primeira fase, foram identificados 550 registros de hipertensos e/ou diabéticos.
Segundo Nilcéia, devido à falta do diagnóstico explicitado de síndrome metabólica o primeiro passo foi identificar os registros eletrônicos de pacientes. “Após a etapa da coleta de dados, foram identificados 243 pacientes elegíveis para a etapa posterior, que pretendeu confirmar o diagnóstico de síndrome metabólica, avaliar a adesão ao tratamento medicamentoso e determinar as associações entre as variáveis analisadas. Concluíram essa fase 75 pacientes”, explicou.
A média de idade dos entrevistados foi de 63 anos, sendo que 54% deles eram mulheres. Cerca de 47% dos entrevistados tinham baixa escolaridade, com menos de quatro anos de estudo formal. E cerca de 60% deles possuíam baixa renda familiar, de até cinco salários mínimos mensais.
A média da circunferência da cintura foi de 112 centímetros para os homens e 103 para as mulheres. Para a população brasileira, segundo o estudo, medidas iguais ou superiores a 80 centímetros para mulheres e a 90 centímetros para homens caracterizam a presença de obesidade abdominal.
De acordo com Nilcéia, um ponto de destaque foi o baixo nível de conhecimento sobre dieta e dislipidemia – o aumento anormal da taxa de lipídios no sangue – apresentado pelos entrevistados. “É fato que conhecimento sobre doenças e seus tratamentos não é garantia de adesão, mas é um importante fator para a participação ativa do paciente nas decisões relativas ao seu estado de saúde”, afirmou.
Em relação ao conhecimento dos fatores de risco cardiovascular, 47% dos pacientes exibiram bom nível, ou seja, acertaram pelo menos 75% de todas as perguntas. “Mas quando a análise foi realizada para cada grupo de perguntas separadamente, verificou-se baixo nível de conhecimento sobre dieta e dislipidemia”, disse.
Todos os participantes do estudo utilizaram o Sistema de Saúde para a obtenção de medicamentos. No entanto, 34,7% dos entrevistados relataram comprometer até 10% da renda familiar com medicamentos.
Também assinam o artigo Antonio Carlos Zanini, da FCF-USP, orientador do estudo, e Antonio Casella-Filho e Antonio Carlos Palandri Chagas, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Para ler o artigo Metabolic syndrome patient compliance with drug treatment, de Nilcéia Lopes e outros, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.
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