Bolsista da FAPESP é premiado em Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia ao demonstrar os efeitos da interleucina 1-beta em ratos com epilepsia (imagem: Wikimedia)
Bolsista da FAPESP é premiado em Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia ao demonstrar os efeitos da interleucina 1-beta em animais com epilepsia
Bolsista da FAPESP é premiado em Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia ao demonstrar os efeitos da interleucina 1-beta em animais com epilepsia
Bolsista da FAPESP é premiado em Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia ao demonstrar os efeitos da interleucina 1-beta em ratos com epilepsia (imagem: Wikimedia)
Por Alex Sander Alcântara
Agência FAPESP – O doutorando Vinícius D’Ávila Bitencourt Pascoal recebeu o prêmio Aristides Leão durante o 33º Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia, ocorrido em Brasília no início deste mês.
O trabalho, intitulado “A interleucina 1-beta mostra uma ação protetora na fase aguda do modelo de epilepsia induzido pela pilocarpina”, ficou em primeiro lugar na área de pesquisa básica.
O estudo, que será publicado no Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, é resultado de sua pesquisa de doutorado, que será defendida no próximo dia 23 na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O trabalho tem orientação de Iscia Teresinha Lopes Cendes, da FCM, e conta com Bolsa de Doutorado da FAPESP. Foi desenvolvido no âmbito do Programa de Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre Cérebro (CInAPCe) da FAPESP.
O estudo utilizou um modelo experimental para epilepsia induzida pela pilocarpina, substância extraída da planta Pilocarpus jaborandi que, em altas doses, provoca grande efeito excitatório no sistema nervoso central.
A epilepsia é um distúrbio neurológico crônico que atinge cerca de 2% da população em geral. As causas comuns são traumas durante o parto e tumores no sistema nervoso central.
“Trata-se de uma doença complexa com causas multifatoriais e ainda pouco conhecidas. Uma descarga neuronal atípica e descontrolada leva à crise”, disse Pascoal à Agência FAPESP.
Segundo ele, após esse efeito tóxico há elevada morte neural em algumas regiões cerebrais. Nessa fase entra em ação a interleucina 1-beta, substância pró-infamatória que age no sistema nervoso central contra traumas e processos patológicos.
“Ela age de forma a sanar o dano, mas, quando sua expressão é aumentada, estudos apontam uma possível ação neurotóxica. Ou seja, a interleucina 1-beta poderia levar a efeitos pró-convulsivantes”, disse.
De acordo com Pascoal, há muita discussão na literatura se o aumento da interleucina 1-beta, após esse efeito tóxico, ajudaria ou não na recuperação do sistema nervoso central em seguida a uma crise.
“Muitos trabalhos afirmam que, quanto mais interleucina for liberada, pior é o prognóstico em animais, mas nossos resultados demonstram o oposto”, disse.
Ao utilizar ferramentas da biologia molecular (interferência por RNA) nos testes realizados em ratos, o pesquisador demonstrou a ação da interleucina ao injetar um composto de substâncias com fragmentos de aminoácidos (peptídeos) para modular os genes envolvidos no processo inflamatório.
“Aumentamos a ação da interleucina em um grupo de animais ou diminuímos em outro grupo sua ação por meio do seu antagonista endógeno, que é uma proteína sintetizada para controlar esse mecanismo. Percebemos que, quando diminuímos a interleucina, os animais levaram menos tempo para ter as crises, ou seja, diferentemente de outros testes ela desempenhou um papel protetor inicial”, afirmou.
Segundo Pascoal, o modelo baseado na utilização da policarpina já é amplamente utilizado, mas se baseava na utilização de anticorpos (para promover um bloqueio mecânico dos genes estudados) ou em injeção exógena nos animais das proteínas de interleucina purificada.
“Mas, em ambos os casos, são necessárias cirurgias estereotáxicas para entrega dessas moléculas, o que em si já pode provocar uma inflamação e mascarar os resultados”, ressaltou.
Com a técnica de interferência por RNA os efeitos inespecíficos são menores. “Além disso, ao injetar um complexo de substâncias na veia caudal dos animais diminuímos os efeitos causados pelo procedimento cirúrgico”, disse.
Além dos resultados, um dos destaques da pesquisa foi ter conseguido uma padronização da técnica de interferência por RNA em modelos animais de epilepsia.
“Esse estudo poderá propiciar outros projetos para estudar não apenas a inflamação relacionada à perda neuronal, mas também a modulação de genes relacionados à excitabilidade neuronal”, disse.
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