Representantes de sociedades científicas de diversos países concluem, na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, que precisam integrar suas ações a fim de enfrentar os desafios do século 21 (foto:F.Castro)
Representantes de sociedades científicas de diversos países concluem, na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, que precisam integrar suas ações a fim de enfrentar os desafios do século 21
Representantes de sociedades científicas de diversos países concluem, na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, que precisam integrar suas ações a fim de enfrentar os desafios do século 21
Representantes de sociedades científicas de diversos países concluem, na 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, que precisam integrar suas ações a fim de enfrentar os desafios do século 21 (foto:F.Castro)
Por Fábio de Castro, de Florianópolis (SC)
Agência FAPESP – Os principais desafios contemporâneos da química não se restringem aos laboratórios. São questões globais que envolvem toda a sociedade, como as mudanças climáticas, o desenvolvimento sustentável e a produção de energia. Para enfrentá-los, as sociedades científicas de diversos países precisam integrar suas ações – e o Ano Internacional da Química (AIQ-2011) representa uma oportunidade única para isso.
Essa avaliação foi feita nesta quarta-feira (25/5), por representantes de organizações científicas da área de Química, durante a 34ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), em Florianópolis.
Durante o simpósio “Soluções integradas para o futuro – O papel das sociedades científicas”, Martyn Poliakoff, professor da Universidade de Nottingham e diretor da Royal Society, no Reino Unido, afirmou que, com a mobilização em torno do AIQ-2011, a integração de ações entre as sociedades científicas de diversos países – e de diversas áreas – começou a dar seus primeiros passos.
“Pela primeira vez as sociedades de química começam a agir em conjunto. Isso é fundamental, porque precisamos ter uma mensagem bem definida para passar aos formuladores de políticas públicas, se quisermos que a ciência se transforme em benefício para a sociedade”, afirmou.
Segundo Poliakoff, todos os países estão enfrentando imensos problemas locais, que têm características distintas, e os cientistas de cada país precisam encontrar soluções específicas para eles.
“Mas os políticos de todos os países têm uma coisa em comum: eles nunca acreditam no que os cientistas dizem. Isso só mudará quando perceberem que em todos os países para onde vão a mensagem é a mesma. Por isso é importante coordenar nossas ações”, afirmou.
Terry Renner, diretor executivo da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês), afirmou que o foco das ações da instituição – que é responsável pela organização do AIQ-2011 – divide-se em cinco tópicos: “água”, “alimentos e nutrição”, “saúde”, “energia” e “química verde”.
“São cinco questões de alcance global. Para que a discussão em torno desses tópicos seja efetiva, temos que envolver toda a sociedade e, em particular, três setores: os formuladores de políticas públicas; a indústria e outros responsáveis pela aplicação da ciência; e a própria comunidade de cientistas, em especial por meio das sociedades científicas”, afirmou.
Segundo Renner, o objetivo central do AIQ-2011 é aproximar a química da sociedade, mostrando que a ciência será responsável por trazer soluções para os principais desafios globais. A imagem pública da química, no entanto, ainda permanece negativa.
“A sociedade vê a química como algo obscuro, como causa de problemas e não como oportunidade de solução. Reconhecemos que temos muita dificuldade em relação à comunicação com a sociedade. Ainda não conseguimos mostrar às pessoas que a química contribui diariamente para melhorar suas vidas”, afirmou.
PIB e química
David Phillips, presidente da Royal Society of Chemistry (RSC), do Reino Unido, destacou que o lugar da química no imaginário das pessoas não corresponde à importância dessa área de pesquisa no mundo da academia e da economia.
“A RSC é a maior sociedade científica da Inglaterra. A enorme produção científica relacionada a essa área se reflete de forma inequívoca na economia do país. Mais de 21% do PIB da Inglaterra é proveniente de atividades ligadas às diversas áreas da química. Pode-se fazer uma correlação direta do PIB de um país com a sua produção científica em química”, declarou.
A internacionalização das ações das sociedades científicas também foi destacada por Phillips, que citou os acordos da RSC com instituições de diversos países.
“Alguns dos principais desafios abordados nesses acordos são temas como produção agrícola, conservação de recursos naturais, conversão de biomassa, segurança alimentar, diagnósticos para saúde humana e qualidade da água potável. Estamos investindo especialmente na área de química verde, visando à preservação ambiental e design de produtos sustentáveis”, afirmou.
Vanderlan da Silva Bolzani, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara (SP) e ex-presidente da SBQ, afirmou que o AIQ-2011 permite destacar a importância da química para um mundo sustentável, ilustrando o papel da ciência para desafios globais como as mudanças climáticas, a questão energética e a saúde.
“A comunidade científica brasileira está vendo o AIQ-2011 como uma oportunidade excelente para celebrar a contribuição das mulheres de todo o planeta para a química, enfatizar os benefícios das colaborações internacionais e estimular o interesse das jovens gerações para um futuro criativo na área”, disse a professora, que coordena as atividades do AIQ-2011 no Brasil e também é membro da coordenação do programa BIOTA-FAPESP.
Segundo Vanderlan, o Brasil está fazendo sua parte ao investir em um grande esforço em áreas como mudanças climáticas e biocombustíveis, em especial com os programas da FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) e de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e com as iniciativas dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), programa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e das fundações estaduais de amparo à pesquisa.
“Isso mostra que estamos trabalhando para o futuro. Queremos que as conquistas desses programas para a sociedade ajudem a aumentar a percepção pública da importância da química em relação às nossas necessidades cotidianas. No âmbito do AIQ-2011, estamos também promovendo ações para melhorar a educação em química nas escolas públicas, envolvendo professores e alunos”, disse.
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