Na Índia, aponta estudo, maioria das mães interrompe a gravidez quando estão gerando uma menina
(foto: ONU/P. Virot)

Aborto seletivo
10 de janeiro de 2006

Estudo estima em 10 milhões as meninas que deixaram de nascer na Índia nos últimos 20 anos. Por motivos culturais, as mães optam por interromper a gravidez quando sabem que carregam um bebê do sexo feminino

Aborto seletivo

Estudo estima em 10 milhões as meninas que deixaram de nascer na Índia nos últimos 20 anos. Por motivos culturais, as mães optam por interromper a gravidez quando sabem que carregam um bebê do sexo feminino

10 de janeiro de 2006

Na Índia, aponta estudo, maioria das mães interrompe a gravidez quando estão gerando uma menina
(foto: ONU/P. Virot)

 

Agência FAPESP - Um desequilíbrio intencional no nascimento de garotos e meninas é uma realidade na Índia. Após analisar as informações de 133.738 nascimentos, Prabhat Jha, da Universidade de Toronto, no Canadá, e colaboradores calcularam que 10 milhões de bebês do sexo feminino deixaram de nascer no país nas últimas duas décadas.

O principal motivo seria de cunho cultural. Na Índia, os homens são mais valorizados dos que as mulheres. "As famílias não se sentem realizadas quando não dão à luz a um menino. O homem continuará o nome e o sangue da família. Além disso, ficará responsável por tomar conta dos parentes mais idosos quando for necessário", diz Shirish Sheth, do Hospital de Mumbai, na Índia. Ele fez o comentário do estudo de Jha para o periódico The Lancet, que publicou o artigo científico na sua versão on-line nesta segunda-feira (9/1).

Apesar de na Índia ser proibido, desde 1994, interromper uma gravidez por causa do sexo da criança, o estudo recém-publicado mostra indícios de que essa prática continua ocorrendo. Com base no número de nascimentos de meninas em outros países, os pesquisadores calcularam que em 1997, um dos anos analisados por eles, deveriam ter nascido de 13,6 a 13,8 milhões de meninas na Índia. O número registrado foi de apenas 13,1 milhões.

Segundo Jha, em comunicado divulgado pelo The Lancet o número de 10 milhões de abortos femininos em 20 anos é bastante razoável e até conservador. Segundo ele, as duas últimas décadas coincidem com a popularização dos exames de ultra-som, que podem indicar o sexo do feto.

O estudo revelou ainda que em famílias que já tiveram um filho, mas do sexo feminino, a situação é mais dramática. O resultado é que o nascimento de duas meninas a partir de uma mesma mãe é algo raro na Índia. Essa situação é duas vezes maior em mães alfabetizadas. Segundo o estudo, a religião não interferiu no aborto seletivo.

Mais informações www.thelancet.com


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