Abertura efervescente
19 de julho de 2004

Ciência, poesia e protestos marcaram a sessão inaugural da 56a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada no teatro da Universidade Federal do Mato Grosso na noite de domingo (18/7)

Abertura efervescente

Ciência, poesia e protestos marcaram a sessão inaugural da 56a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada no teatro da Universidade Federal do Mato Grosso na noite de domingo (18/7)

19 de julho de 2004

 

Por Eduardo Geraque e Thiago Romero, de Cuiabá

Agência FAPESP - Coube a Ennio Candotti, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), transformar em aplausos os sonoros protestos dos estudantes que superlotaram o teatro da Universidade Federal do Mato Grosso, na abertura da tradicional reunião anual da entidade, na noite de domingo (18/7). "Se o boi e a soja ganharem a guerra contra a Floresta Amazônica, não haverá mais civilização no futuro", disse o acadêmico.

O discurso de Candotti encerrou a cerimônia inaugural da 56a edição da reunião, a primeira em Cuiabá. A noite foi marcada por uma forte manifestação organizada pelo diretório central dos estudantes (DCE), da Universidade Federal do Mato Grosso. Palavras de ordem, principalmente a favor da universidade pública e contra a reforma universitária tomaram conta do auditório, uma hora antes do início da sessão, marcada para às 19h30 (20h30 pelo horário de Brasília).

Nem tudo foram vaias. Os estudantes, em coro, aplaudiram medidas feitas nos últimos meses pelo Governo Federal. Os aplausos vieram também, quando a mesa lembrou que as bolsas de pós-graduação foram reajustadas recentemente. Uma outra iniciativa considerada positiva pelos manifestantes foi a criação das bolsas júnior, com o objetivo de atender estudantes do ensino médio que já tenham uma pré-disposição para o mundo científico.

O presidente da SBPC usou a simbologia de uma criança recém-nascida para mostrar que o Brasil passa por séria dificuldades, principalmente no campo da proteção dos ecossistemas naturais. "Essa criança, quando nascer, terá que estar preparada para enfrentar os problemas estruturais que o país vive".

Candotti lembrou que 25 mil quilômetros quadrados da floresta são derrubados todos os anos. O professor da Universidade Federal do Espírito Santo disse que uma das causas que pode prejudicar a saúde da "criança" é exatamente a poluição das águas do Pantanal e o desmatamento, que também está ocorrendo nesse bioma, com intensidade cada vez maior.

O único ministro do governo Lula presente na cerimônia, Eduardo Campos, da Ciência e Tecnologia, não se furtou de enfrentar a platéia. Em sua fala, ele apoiou os protestos. "É muito importante não termos uma juventude chapa branca, acomodada com a situação. A SBPC sem apitos e sem manifestações não é a SBPC que conheço há anos", disse.

Campos ganhou também a platéia quando disse que já esteve do lado de lá, o dos estudantes. "E isso ocorreu quando o país não vivia em um regime democrático".


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