Foto: CBPF
Sociólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo apresenta trabalho inédito no país que procura discutir a revolução provocada pelo setor e suas implicações na sociedade atual. O tema, nos Estados Unidos, está em grande evidência desde 2000
Sociólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo apresenta trabalho inédito no país que procura discutir a revolução provocada pelo setor e suas implicações na sociedade atual. O tema, nos Estados Unidos, está em grande evidência desde 2000
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Agência FAPESP - Para alguns, a revolução causada pela nanociência e nanotecnologia nas próximas duas ou três décadas terá o mesmo impacto que a revolução industrial teve no século 19. Seja no campo da saúde, ou no meio ambiente, haverá grandes conseqüências. Apenas em 2002, os Estados Unidos investiram US$ 512 milhões no setor, o que dimensiona sua importância para a nação mais poderosa do mundo.
Descontados também os exercícios desenfreados de futurologia que quase sempre acompanham as questões nanotecnológicas, não existem dúvidas. Essas descobertas já estão, e vão continuar ainda mais no futuro, presentes no dia-a-dia das pessoas.
"Deve ser formado um novo grupo de excluídos e não excluídos", disse à Agência FAPESP, o sociólogo Paulo Roberto Martins, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. O pesquisador, que há vários anos vem estudando as trajetórias tecnológicas e as suas implicações com a sociedade, esteve na semana passada em Campinas, em mais uma edição do Congresso Brasileiro de Sociologia, quando apresentou o trabalho Trajetórias tecnológicas e meio ambiente: do molecular ao global, desenvolvimento recente e perspectiva da nanotecnologia no Brasil.
"Existem muitas áreas que já usam a nanotecnologia mas ainda não se sabe muito quais serão as conseqüências disso", disse Martins. "Os cosméticos utilizados pelas mulheres, por exemplo, penetram na pele e, em alguns casos, são absorvidos pelo organismo", lembra Martins. Ao lado do setor de cosméticos, a indústria farmacêutica também deverá colher frutos nanotecnológicos em breve. As estimativas são de que, em dez ou 15 anos, o setor estará com metade da sua produção anual – o que representa US$ 180 bilhões – atrelado à nanotecnologia.
Assim como ocorre com os organismos, pode acontecer também o mesmo processo em termos ambientais, com os produtos que são lançados ao ar livre e que entram em contato com o solo. Mas, também nesse campo, as projeções feitas a partir da nanotecnologia são as melhores possíveis e, ao que parece, não terão nenhum tipo de malefício social. As tecnologias que serão desenvolvidas na próxima década poderão provocar uma redução, em nível mundial, da ordem de 10% no consumo de energia. A economia será de US$ 100 bilhões.
"O Brasil está atrasado em estudos que relacionam a nanotecnologia às suas conseqüências sociais", disse Martins. O pesquisador, após o trabalho apresentando em Campinas, pretende trazer esta discussão para as fronteiras nacionais. "O Brasil, em termos de nanociência, está bastante similar ao que se faz lá fora. Mas podemos perder, outra vez, o bonde da história nas ciências sociais", disse.
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