Às vésperas da abertura das Olimpíadas-2004, termina nesta quarta (11/8) o Congresso Pré-Olímpico, que reuniu cientistas do mundo todo – entre os quais 30 brasileiros – na cidade grega de Thessaloniki
Às vésperas da abertura das Olimpíadas-2004, termina nesta quarta (11/8) o Congresso Pré-Olímpico, que reuniu cientistas do mundo todo – entre os quais 30 brasileiros – na cidade grega de Thessaloniki. Foram apresentados mais de 1,5 mil trabalhos sobre diversos aspectos do olimpismo
Às vésperas da abertura das Olimpíadas-2004, termina nesta quarta (11/8) o Congresso Pré-Olímpico, que reuniu cientistas do mundo todo – entre os quais 30 brasileiros – na cidade grega de Thessaloniki. Foram apresentados mais de 1,5 mil trabalhos sobre diversos aspectos do olimpismo
Às vésperas da abertura das Olimpíadas-2004, termina nesta quarta (11/8) o Congresso Pré-Olímpico, que reuniu cientistas do mundo todo – entre os quais 30 brasileiros – na cidade grega de Thessaloniki
Agência FAPESP - O palco dos Jogos Olímpicos de Atenas não poderia ser mais propício para uma reflexão: até que ponto o tradicional evento esportivo guarda as tradições que existiam na Grécia Antiga ou mesmo há 100 anos, quando o Barão Pierre de Coubertin estabeleceu os pilares do movimento olímpico moderno?
Cientistas do mundo inteiro tentaram responder a dúvidas como essa desde a sexta-feira (6/8), no Congresso Pré-Olímpico de 2004, que teve como tema "Ciência do esporte ao longo dos anos – mudanças no novo milênio". Cerca de 30 brasileiros marcaram presença na cidade grega de Thessaloniki, no evento científico que discutiu também aspectos das ciências biológicas e exatas.
"A ideologia olimpíca é um produto típico da modernidade", disse Otávio Tavares, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, à Agência FAPESP. Segundo ele, essa é uma das questões apaixonantes que envolvem os estudos científicos sobre o movimento olímpico atual. Tavares, que participa do congresso na Grécia, é um dos novos membros da Academia de Estudos Olimpícos Internacionais, junto com outro brasileiro, Lamartine DaCosta, professor da Universidade Gama Filho.
"Dentro da modernidade líquida proposta por Bauman (o sociólogo polonês Zygmunt Bauman publicou o livro Modernidade Líquida em 2000, onde ele propõe um processo de modernidade mais instável, diluído ao longo do tempo e do espaço) existem sinais claros de mudança dessa ideologia, que podem ser percebidos tanto no movimento olimpíco em geral, como nos próprios jogos", disse Tavares. Para o pesquisador, as mudanças – como a questão do profissionalismo ou mesmo do doping em excesso – estão atualizando parte da ideologia olímpica.
No Congresso Pré-Olímpico, o tema doping, mudança que se moderniza cada vez mais, também esteve bastante presente. Um dos estudos, apresentado por pesquisadores do Canadá, insistiu bastante na responsabilidade do atleta no tema. O assunto tem gerado tamanho interesse que até mesmo um novo protocolo bastante severo, relacionado com as drogas que se pretende isentar da lista de substâncias ilegais, foi proposto pelos cientistas presentes.
O dilema filosófico, que ainda terá que ser respondido em outra oportunidade – talvez no congresso que antecederá as Olimpíadas de Pequim, em 2008 –, é bastante claro, segundo Tavares. "Quanto se deve – ou se pode – mudar, para que o essencial da ideologia olímpica não fique perdido?", questiona. É fundamental nesse processo, segundo o pesquisador, que o movimento olímpico e sua mensagem geral sejam preservados.
No livro Olympic Studies (2002), de Lamartine DaCosta e com a colaboração de Tavares, outra pergunta foi usada para abordar o mesmo problema: "legacia olímpica ou pós-olimpismo?" Nesse texto, para discutir o problema DaCosta usa o exemplo do escândalo que abateu o Comitê Olímpico Internacional no fim dos anos 90, causado pelas denúncias generalizadas de corrupção.
Em seu aspecto geral, o movimento olímpico traz o ideal da educação, da paz e da igualdade entre os povos, como descrito por Coubertin. Foi um dos primeiros movimentos a se deparar com o fenômeno da globalização. Por isso mesmo, segundo Da Costa, no lugar de discutir inovação ou tradição, o melhor seria encarar o olimpismo do século 21 como uma "meta-narrativa", baseada nos dias de hoje, mas também nos aspectos científicos, históricos e filosóficos que se desenvolveram ao longo dos tempos.
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