Novas avenidas não param de ser abertas no campo da genômica funcional, como demonstrou Sérgio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da USP, em Caxambu (foto: E.Geraque)

A importância do 'DNA lixo'
19 de maio de 2004

Novas avenidas não param de ser abertas no campo da genômica funcional, como demonstrou Sérgio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da USP, em conferência realizada na reunião da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Celular, em Caxambu (MG)

A importância do 'DNA lixo'

Novas avenidas não param de ser abertas no campo da genômica funcional, como demonstrou Sérgio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da USP, em conferência realizada na reunião da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Celular, em Caxambu (MG)

19 de maio de 2004

Novas avenidas não param de ser abertas no campo da genômica funcional, como demonstrou Sérgio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da USP, em Caxambu (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Caxambu (MG)

Agência FAPESP - O genoma completo do Schistosoma mansoni ainda não está pronto – o grupo estrangeiro que está fazendo as anotações finais deve liberar os resultados até junho. Mesmo assim, após o gigantesco trabalho realizado por um consórcio brasileiro que reuniu vários grupos de pesquisa, tendo como líder Sérgio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, novas e imensas avenidas já estão abertas. Isso porque os brasileiros fizeram a transcrição de 163 mil seqüências.

"Nossas análises mostram que 55% das seqüências não tinham similaridade com seqüência alguma já conhecida e depositada nos bancos convencionais", disse Verjovski-Almeida à Agência FAPESP em Caxambu (MG), durante a reunião anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular.

A expectativa do pesquisador é que, depois de pronto o genoma do microrganismo causador da esquistossomose, se verifique que grande parte do material desconhecido é, na realidade, DNA não codificante para proteínas, conhecidos como íntrons.

"A mensagem é muito clara. Vamos olhar para o chamado ‘DNA lixo’. Isso é um mundo, uma grande avenida aberta. Existe muita coisa aí dentro. Esses íntrons apresentam relações importantes", disse. Como tais compostos não estão relacionados com a síntese de proteínas de forma direta, muitos grupos de cientistas acabam optando por descartar os íntrons em suas análises.

A suspeita do pesquisador carioca, formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, não é um simples palpite com um certo embasamento científico. Essa vontade de olhar para o "mundo do DNA lixo" se solidificou depois dos resultados obtidos com uma outra linha de pesquisa que está em andamento no laboratório do Instituto de Química da USP.

"No caso dos estudos para câncer de próstata, feitos pela nossa equipe, conseguimos ver que mais da metade das seqüencias de DNA não codificantes manda mensagens para os genes", contou. Essa modulação, quando de alguma forma é alterada, pode estar ajudando no desenvolvimento de um tumor, acredita o pesquisador.

Segundo Verjovski-Almeida, que calcula em 14 mil genes o tamanho do genoma que será anunciado em junho, o mesmo raciocínio pode ser levado para os estudos com a esquistossomose, doença que atinge 200 milhões de pessoas todos os anos no mundo.


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