Astronauta Marcos Pontes, em entrevista da Rússia, afirma que a viagem à ISS será "muito importante para o país, para o programa espacial brasileiro e para a ciência brasileira"
Astronauta Marcos Pontes, em entrevista da Rússia, afirma que a viagem à ISS será "muito importante para o país, para o programa espacial brasileiro e para a ciência brasileira"
Pontes está na Cidade das Estrelas, próximo a Moscou, preparando-se para partir a bordo de uma nave Soyuz rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). Na viagem, marcada para 30 de março, a tripulação será completada pelo russo Pavel Vinogradov e pelo norte-americano Jeffrey Williams.
"Sobre minha sensação em relação ao primeiro vôo, realmente isso é algo incrível, difícil de descrever, principalmente por ser uma missão muito importante para o país, para o programa espacial brasileiro e para a ciência brasileira", disse o astronauta.
Pontes destacou os experimentos científicos que fará na ISS como "bastante significativos". Os experimentos, selecionados pela Agência Espacial Brasileira (AEB), compreendem as áreas de nanotecnologia, biotecnologia, controle térmico de equipamentos espaciais e agricultura.
Os experimentos fazem parte de uma iniciativa do Programa Microgravidade, que disponibiliza o ambiente de gravidade zero para estudos da comunidade científica. Entre as instituições envolvidas nas pesquisas estão o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Na entrevista coletiva, Raimundo Mussi, gerente da Missão Centenário, como foi nomeada a viagem de Pontes, destacou a importância das pesquisas espaciais. "Não vamos fazer experimentos porque vamos levar um astronauta ao espaço. Vamos levar um astronauta ao espaço porque temos experimentos a fazer", disse.
Segundo a Radiobras, que transmitiu a entrevista ao Brasil, Mussi ressaltou a importância de poder realizar experimentos em locais de microgravidade. "Nenhum país que queira se desenvolver poderá se afastar totalmente da execução das atividades espaciais. Será que estamos investindo muito, pouco ou o certo? Só no futuro teremos a resposta. Os recursos que nos foram dados estão sendo investidos da melhor maneira possível", afirmou.
Inicialmente, Pontes iria ao espaço pela Nasa, a agência espacial norte-americana, onde inclusive passou diversos anos em treinamento. Mas o acidente com o ônibus espacial Columbia, que matou sete astronautas em 2003, motivou a suspensão dos vôos até 2005.
Com o adiamento de diversas missões, o brasileiro ficou sem saber quando ao certo seria a sua vez. A solução encontrada pelo programa espacial brasileiro foi recorrer a um acordo com a Rússia, que ofereceu uma vaga para Pontes a bordo da Soyuz, na Expedição 13 da ISS.
A previsão é que o brasileiro permaneça na ISS entre oito e dez dias. Vinogradov e Williams deverão ficar por seis meses.
Mais informações: aeb.gov.br
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.