Matriz de antenas instalada no ensaio em vôo no T-25 Universal (foto: Nelson Leite)
Pesquisador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica desenvolve aparelho de baixo custo que, a partir de dados obtidos por GPS, melhora a segurança de aeronaves de pequeno porte
Pesquisador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica desenvolve aparelho de baixo custo que, a partir de dados obtidos por GPS, melhora a segurança de aeronaves de pequeno porte
Matriz de antenas instalada no ensaio em vôo no T-25 Universal (foto: Nelson Leite)
Agência FAPESP - Um aparelho construído pela primeira vez no Brasil melhora a segurança em vôo de aeronaves de pequeno porte ao informar ao piloto sua atitude – posição angular dos três eixos de referência –, por meio de sinais captados pelo GPS.
A tecnologia foi desenvolvida pelo engenheiro de ensaios em vôo Nelson Paiva Oliveira Leite, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, em conjunto com a equipe da Divisão de Ensaios em Vôo, do Instituto de Aeronáutica e Espaço do Centro Técnico Aeroespacial (IAE/CTA).
"O sistema é formado por uma matriz de antenas instaladas na aeronave, que capta a pseudodistância e a fase do sinal (indicadores utilizados pelo GPS para calcular latitude e longitude) e, a partir desses dados, as informações são processadas em uma central, que retorna ao piloto sua atitude", explicou Leite à Agência FAPESP.
A atitude é uma referência muito importante para a aviação. Um piloto sem referências visuais, num vôo noturno ou durante uma tempestade, por exemplo, torna-se totalmente dependente de equipamentos. Muitos acidentes aconteceram devido à falta de orientação espacial decorrente do desconhecimento da atitude.
"Um exemplo é a morte de John F. Kennedy Jr., em julho de 1999, que pilotova um monomotor sem equipamento para medir a atitude e, ao se deparar com uma condição de pouca visibilidade, acabou ficando sem orientação espacial", disse Leite.
A tecnologia desenvolvida pelo ITA e IAE/CTA traz outra vantagem, o baixo custo, diferente dos sistemas convencionais, chamados inerciais. "O nosso aparelho é cerca de 90% mais barato do que os outros existentes, além de trazer incluído o GPS", contou o pesquisador.
Os primeiros ensaios em vôo da tecnologia foram realizados em dezembro de 2003, no CTA, também em São José dos Campos, com um monomotor T-25 Universal. Uma matriz de quatro antenas foi instalada para coletar os dados do GPS, enviados à central para serem processados por um algoritmo e, em seguida, retornados ao piloto. Segundo Leite, os resultados obtidos foram promissores: a margem de erro ficou em torno de 0,5º, contra o 1,5º dos sistemas convencionais.
Empresas do setor aeronáutico, como a Embraer, já demostraram interesse pelo projeto. O engenheiro do ITA lembra ainda que o uso do equipamento não está restrito somente à aviação, podendo ser empregado em navios, plataformas em alto-mar e na agricultura.
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