Edmundo Grisard, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC (foto: Eduardo Geraque)
Edmundo Carlos Grisard, professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC, faz uma releitura da importância dos projetos genoma, que têm provocado grandes impactos na estrutura da pesquisa brasileira e ajudado na democratização da ciência
Edmundo Carlos Grisard, professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC, faz uma releitura da importância dos projetos genoma, que têm provocado grandes impactos na estrutura da pesquisa brasileira e ajudado na democratização da ciência
Edmundo Grisard, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFSC (foto: Eduardo Geraque)
Agência FAPESP - O impacto não é apenas sentido entre a comunidade científica que lidou, está trabalhando ou vai utilizar dados gerados por algum projeto genoma no futuro. Para Edmundo Carlos Grisard, professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as conseqüências dos bem-sucedidos projetos genomas realizados no país são muito maiores.
"Antes de mais nada, tivemos um impacto institucional. As faculdades e os centros de pesquisas passaram a ser mais reconhecidos", disse durante o Congresso Brasileiro de Microbiologia, realizado na semana passada em Florianópolis. Além disso, houve, segundo ele, uma valorização muito grande da competência humana instalada no país.
"Os vários projetos – e não posso deixar de citar a importância que a FAPESP teve no início de tudo isso – provocaram novas parcerias, novos investimentos e até o surgimento de discussões éticas bastante importantes", afirmou. Para Grisard, apenas recentemente se começou a discutir, por exemplo, se é válido ou não patentear um gene ou o organismo inteiro.
"Não podemos esquecer também que os vários projetos genomas já concluídos, ou em andamento, tiveram um papel decisivo na democratização da ciência. Seja pelo interesse da mídia, seja pelas solicitações originárias nas escolas de segundo grau para saber mais sobre os projetos", disse.
Um dos impactos negativos, segundo Grisard, está na expectativa exagerada que se criou na sociedade. "Houve uma certa frustração, mas temos que ter sempre em mente a imagem da construção de uma grande biblioteca, para que não se pense que a cura do câncer possa aparecer amanhã. Uma biblioteca que está sendo montada com as principais obras de cada uma das áreas. O segundo passo será pegar as informações e aplicar o conhecimento adquirido."
Sobre o futuro dos projetos genoma, que se espalharam pelo Brasil por intermédio de redes regionais e da rede nacional criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Grisard não tem dúvidas em afirmar que os caminhos são inúmeros. "Temos, agora as genômicas funcional, estrutural, comparativa e a farmacogenômica, além dos estudos de proteoma e de genômica evolutiva."
Segundo o cientista, que trabalha com parasitas causadores da doença de Chagas, algumas palavras explicam o sucesso dos projetos brasileiros. "Poderia-se usar vários termos, mas os principais são preparo, visão científica e política, determinação, apoio e, sem sombra de dúvidas, colaboração", disse.
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