Como João Amaral Gurgel atropelou as dificuldades e conseguiu criar automóveis nacionais com soluções originais (foto do livro Gurgel, um sonho forjadoem fibra)

A história de uma marca
22 de outubro de 2004

Como João Amaral Gurgel atropelou as dificuldades e conseguiu criar automóveis nacionais com soluções originais. Algumas geraram patentes. Leia em reportagem da nova edição de Pesquisa FAPESP

A história de uma marca

Como João Amaral Gurgel atropelou as dificuldades e conseguiu criar automóveis nacionais com soluções originais. Algumas geraram patentes. Leia em reportagem da nova edição de Pesquisa FAPESP

22 de outubro de 2004

Como João Amaral Gurgel atropelou as dificuldades e conseguiu criar automóveis nacionais com soluções originais (foto do livro Gurgel, um sonho forjadoem fibra)

 

Por Neldson Marcolin, de Pesquisa FAPESP - Dez mil dólares no bolso, uma mente fervilhante e alguns sócios. Com essas ferramentas, em 1958 João Augusto Conrado do Amaral Gurgel demitiu-se da Ford do Brasil, um gigante da indústria automobilística, e começou a colocar de pé um projeto concebido quando ainda era estudante da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo: fazer carros brasileiros. Contra todos os prognósticos, ele conseguiu. Por mais de 30 anos atropelou as dificuldades e criou automóveis nacionais, com soluções originais (algumas delas geraram patentes).

A holding comandada por ele chegou a ser avaliada, em 1989, em quase R$ 200 milhões, em números de hoje, de acordo com estimativa registrada em Gurgel, um sonho forjado em fibra (Labortexto Editorial, 160 páginas), livro do jornalista Lélis Caldeira lançado este ano. Até que vieram os tempos ruins e Gurgel começou, lentamente, a perder todas as lutas em que se metia. A última e mais significativa delas o derrubou definitivamente: em 1997 descobriu-se que ele sofria do mal de Alzheimer.

A doença destrói as células do cérebro e leva o paciente a perder progressivamente a capacidade intelectual e apresentar níveis de habilidade semelhantes aos de recém-nascidos – a pessoa se torna incapaz de andar, alimentar-se sozinha, reconhecer familiares e até de falar. O fato de a enfermidade ter acometido Gurgel, hoje com 78 anos, parece ser um fim excessivamente trágico para a brilhante trajetória de um empreendedor. Mas não é assim que os usuários desses veículos vêem o desfecho dessa história - ainda hoje é comum ver utilitários da Gurgel rodando pelo país e reunindo admiradores desses carros em clubes e associações.

Natural de Franca, interior de São Paulo, Amaral Gurgel formou-se em engenharia mecânica-eletricista. No trabalho de conclusão de curso surpreendeu o professor ao apresentar o Tião,"o primeiro automóvel genuinamente brasileiro". O projeto provocou risos e o estudante ouviu a frase do professor, jamais esquecida: "No Brasil, carro não se faz, se compra". Algum tempo depois de formado, Gurgel foi para os Estados Unidos estagiar na General Motors Truck and Coach, em Pontiac, e na Buick Motor, em Flint, cidades de Michigan. Nos Estados Unidos ele conheceu a tecnologia de plástico duro e voltou ao Brasil, depois de quatro anos, já pensando em adotá-la no futuro.

Depois de trabalhar algum tempo nas filiais brasileiras da General Motors e da Ford, Gurgel decidiu que era hora de cuidar de seus próprios negócios, em 1958. Foi quando juntou os US$ 10 mil, arrumou sócios e criou a Moplast, que produzia luminosos de plástico para empresas. Com o lucro do plástico ele fabricava karts de competição. Anos depois, em 1964, Gurgel saiu da Moplast e criou a Macan Veículos, uma concessionária da Volkwagen que permitiu a ele continuar fazendo karts e inventar uma novidade, carros para crianças. Erammini-Mustangs e mini-Karmann Ghias, com motores de 3 cavalos.

Clique aqui para ler o texto completo da reportagem da edição 104 de Pesquisa FAPESP.

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