Chiroderma doriae, espécie ameaçada de extinção
Pesquisa realizada no interior do Paraná mostra que não é apenas o tamanho das reservas florestais que é importante para a preservação da riqueza de espécies. A qualidade da área vegetal também é fundamental
Pesquisa realizada no interior do Paraná mostra que não é apenas o tamanho das reservas florestais que é importante para a preservação da riqueza de espécies. A qualidade da área vegetal também é fundamental
Chiroderma doriae, espécie ameaçada de extinção
O estudo, que tem o cientista Nélio Roberto dos Reis, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina como o primeiro autor, investigou seis fragmentos florestais no município de Londrina (PR). O maior com 680 hectares de tamanho, e o menor com um hectare. O trabalho foi publicado na Revista Brasileira de Zoologia, com a descrição detalhada das áreas de estudo, e pode ser consultado no endereço http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81752003000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt.
Os quatro cientistas que assinam o estudo registraram a ocorrência de 33 espécies de morcegos. Dez delas estiveram presentes em todos os fragmentos. Outras oito foram encontradas apenas no maior campo de estudo. Exemplares da espécie Chiroderma doriae, que consta da lista de animais ameaçados de extinção, apareceram duas vezes. Uma no fragmento considerado grande e outra no fragmento pequeno. A Myotis ruber, também ameaçada, apareceu com uma freqüência maior. Três indivíduos foram capturados na área média e 11 na grande.
Segundo os autores do trabalho, os resultados permitem afirmar que a M. ruber é uma espécie sensível às alterações do ambiente. Além disso, a captura de um único exemplar de C. doriae no fragmento grande pode indicar também que esta espécie é sensível às alterações ambientais.
A fragmentação em ritmo acelerado das florestas vegetais propicia vários prejuízos para a população animal. A quantidade de alimento diminui, o endocruzamento aumenta e o próprio habitat fica mais restrito que o normal. A perda da diversidade que ocorre no Paraná, e em todo o Brasil, segundo os autores, "não está relacionada com a exploração racional, mas sim com a destruição de habitats, resultante da expansão das atividades humanas feitas de forma irracional".
Na conclusão, o estudo científico também ressalta a importância que a qualidade do ambiente preservado precisa ter, além da necessidade de que exista grandes dimensões físicas. Mananciais de água, disponibilidade de recursos naturais e pouca interferência de áreas degradas ao redor são ferramentas ecológicas importantes para a preservação não apenas dos morcegos, mas de todas as relações ecológicas que existem em uma floresta tropical.
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