Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, nos EUA, é o idealizador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal
(foto: E.Geraque)

A decolagem do 14 Bis
03 de março de 2004

O audacioso plano de vôo do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, idealizado por Miguel Nicolelis, ganha contornos mais fortes desde quarta (3/3). Na abertura do simpósio que ocorre até domingo na capital do Rio Grande do Norte, cientistas e políticos conjugam bastante o verbo sonhar

A decolagem do 14 Bis

O audacioso plano de vôo do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, idealizado por Miguel Nicolelis, ganha contornos mais fortes desde quarta (3/3). Na abertura do simpósio que ocorre até domingo na capital do Rio Grande do Norte, cientistas e políticos conjugam bastante o verbo sonhar

03 de março de 2004

Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, nos EUA, é o idealizador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal
(foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque e Marcos Pivetta, de Natal

Agência FAPESP - De concreto, para a construção do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN), existe apenas um terreno de 100 hectares em Macaiba, município da Grande Natal, e um pouco menos de 10% do orçamento estimado do projeto, que é de 30 milhões de dólares.

A vontade de levar ciência de ponta aos Estados menos desenvolvidos, mas que tenham alguma forma de assimilar esse novo conhecimento, ainda está restrita ao fantástico mundo que os cérebros humanos podem criar.

Mas os estímulos nervosos que circulam pelos neurônios do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, há mais de uma década radicado nos Estados Unidos, já foram suficientes para interferir em outras cabeças, como se observou nessa quarta (3/3), em Natal.

Apesar de o empreendimento ainda não contar com todos os recursos financeiros para a sua decolagem, um outro capital, muito importante, parece garantido. Durante a cerimônia de abertura do Simpósio Internacional de Neurociência, o pontapé inicial da nova instituição que só começará a funcionar efetivamente daqui a três anos, vários cientistas – e políticos – resolveram embarcar num 14 Bis hipotético.

"Santos Dumont foi um grande empreendedor e a fundação que será criada para gerar o novo instituto vai receber o nome dele", disse Nicolelis. Durante a sessão de abertura do evento, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se fez presente, por uma carta lida pelo pesquisador brasileiro.

"O Brasil vem deixando de ser apenas testemunha das grandes conquistas da ciência e tecnologia moderna, para se tornar um celeiro de avanços técnicos e tecnológicos indispensáveis ao desenvolvimento e prosperidade do país", escreveu o presidente, que também ressaltou a importância da iniciativa como inspiração aos jovens cientistas.

"Sem dúvida, é um projeto audacioso", disse José Ivanildo do Rêgo, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), à Agência FAPESP. Conforme explicou o dirigente acadêmico, o terreno onde vai funcionar o novo instituto foi cedido, em forma de comodato, pela própria universidade. "Os recursos também estão sendo geridos por uma fundação nossa, enquanto não se cria a nova", disse.

Como o projeto prevê a construção de vários prédios, inclusive escolas para crianças e adolescentes e um museu de ciência, ele não poderá ser concretizado dentro do próprio campus da UFRN. "Em Macaiba, onde funciona a nossa Fazenda Agrícola, há mais espaço", explicou Rêgo.

O endosso à iniciativa também foi feito por Wilma Faria, governadora do Estado do Rio Grande do Norte. "O professor Nicolelis é um grande sonhador. Vamos dar total apoio ao seu projeto", afirmou a governadora, também presente na sessão de abertura do simpósio que reúne centenas de pesquisadores estrangeiros da área de neurociência.

A idéia da criação do centro de pesquisas surgiu há quatro anos, quando um grupo de cientistas brasileiros que trabalham no exterior resolveu participar do edital de convocação para a criação de um Instituto do Milênio. A proposta aprovada não foi aquela da qual Nicolelis participava, mas, mesmo assim, ele decidiu não desistir.

Com o apoio político e científico conquistado, a dificuldade, agora, é levantar o restante do orçamento do instituto. Para o neurofisiologista Koichi Sameshima, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que também assistiu à gênese do projeto, o 14 Bis apenas irá decolar com total segurança se os investimentos privados que estão sendo buscados forem, efetivamente, captados para a Fundação Alberto Santos Dumont.


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