A culpa não é só do El Niño
01 de outubro de 2003

Estudo de pesquisador do Inpe mostra que 40% dos casos de seca no Nordeste não são causados pelo fenômeno climático. Entre 1871 e 1998, de 52 ocorrências do fenômeno apenas 31 foram responsáveis por problemas na região

A culpa não é só do El Niño

Estudo de pesquisador do Inpe mostra que 40% dos casos de seca no Nordeste não são causados pelo fenômeno climático. Entre 1871 e 1998, de 52 ocorrências do fenômeno apenas 31 foram responsáveis por problemas na região

01 de outubro de 2003

 

Agência FAPESP - Popularmente associado a secas no Nordeste, o El Niño pode não ser o único vilão da história. Um estudo feito no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que o problema brasileiro é causado por outras variáveis, como os parâmetros atlânticos, que favorecem a elevação das correntes oceânicas.

De acordo com Rajaram Kane, do Grupo de Geomagnetismo do instituto e autor da pesquisa, em aproximadamente 40% das ocorrências de seca a culpa não é do El Niño. O estudo Limited effectivenes of El Niños in causing doughts in ne Brazil and the prominent role of Atlantic parameters, publicado na Revista Brasileira de Geofísica, mostra que 52 ocorrências do El Niño foram registradas entre os anos de 1871 e 1998. Durante o período, 31 delas estiveram associadas ao problema, enquanto 21 não tiveram influência sobre a falta de água e no ressecamento do solo nordestino. Segundo Kane, os efeitos da chuva excessiva em alguns anos reduzem ou até anulam o fenômeno climático.

Para o autor, os meios de comunicação ajudam a propagandear a idéia de que o fenômeno é a principal causa de muitos desastres naturais, tornando-o uma espécie de mito da destruição. "A mídia precisa diminuir a exagerada expectativa de secas durante os anos de El Niño", disse o pesquisador.

Caracterizado pelo aquecimento da corrente oceânica que começa na costa do Peru e do Equador, o El Niño recebeu este nome por ocorrer geralmente na época do Natal, quando se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Nos anos em que o evento climático não aparece é comum ocorrer o fenômeno inverso, caracterizado pelo excesso de chuvas, conhecido como La Niña.

O artigo está disponível na biblioteca virtual SciELO. Para lê-lo, clique aqui.


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