Geoglifos no Acre atestam a presença humana no passado da Amazônia (foto: Maurício de Paiva/Pesquisa FAPESP)
Eduardo Neves, diretor do MAE-USP, apresenta resultados de estudos recentes e iniciativas da comunidade arqueológica brasileira para fazer frente às ameaças que a Amazônia e seus povos enfrentam
Eduardo Neves, diretor do MAE-USP, apresenta resultados de estudos recentes e iniciativas da comunidade arqueológica brasileira para fazer frente às ameaças que a Amazônia e seus povos enfrentam
Geoglifos no Acre atestam a presença humana no passado da Amazônia (foto: Maurício de Paiva/Pesquisa FAPESP)
Agência FAPESP – O estado da arte da pesquisa arqueológica na Amazônia será apresentado em São Paulo nesta sexta-feira (22/03), entre 10h e 11h30, por Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP). O evento integra a série Conferências FAPESP 2024.
Neves é autor do livro Sob os tempos do equinócio: oito mil anos de história na Amazônia Central, onde descreve estudos realizados nos últimos 15 anos. Os achados indicam que a Amazônia já foi habitada por 8 a 10 milhões de pessoas e que esse povoamento remonta há, no mínimo, 8 mil anos, talvez bem mais do que isso. Nesse longo período, a região sempre foi densamente povoada. Fragmentos de artefatos encontrados sob florestas supostamente virgens, geoglifos e a chamada terra preta são sinais importantes dessa encorpada presença humana na região.
Essas descobertas, na avaliação do pesquisador, transformaram a arqueologia amazônica. Ao final da década de 1990, o principal tema de discussão era se a região era densamente povoada no passado. Hoje é aceito que as ocupações antigas dos povos indígenas tiveram um papel importante na transformação da natureza ao longo dos milênios e na formação da Amazônia que conhecemos. Atualmente está estabelecido que a Amazônia foi um centro independente de domesticação e de cultivo de plantas, da mesma forma que pesquisas feitas na Bolívia, no Brasil e no Equador trazem evidências de urbanismo em uma escala que ainda precisa ser mais bem compreendida.
No entanto, à medida que o conhecimento arqueológico cresceu exponencialmente, também cresceram as ameaças que a Amazônia e seus povos enfrentam. Só no Brasil, quase 20% da cobertura florestal foi perdida nos últimos 40 anos. A conferência trará um balanço de resultados de estudos recentes e apresentará as iniciativas da comunidade arqueológica brasileira para fazer frente a essas ameaças.
Graduado em história pela USP, mestre e doutor em antropologia pela Universidade de Indiana (Estados Unidos) e livre-docente pela USP, Neves presidiu a Sociedade de Arqueologia Brasileira (2009-2011) e compôs a diretoria da Sociedade de Arqueologia Americana (2011-2014). Foi coordenador adjunto da área de antropologia/arqueologia da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre 2011 e 2014, e membro do Conselho Assessor da Fundação Wenner-Gren de Pesquisas Antropológicas, de Nova York, entre 2011 e 2015. Foi professor visitante na Universidade Harvard, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), no Museu Nacional de História Natural de Paris e na Pontifícia Universidade Católica do Peru, em Lima.
A moderadora do evento será Maria de Fátima Morethy Couto, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Os interessados podem se inscrever pelo site da FAPESP. O evento será na rua Pio XI, 1.500, Alto da Lapa, São Paulo.
Mais informações: https://fapesp.br/16581/.
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