A autora mostra como paisagens, lugares de memória e territórios de agentes sociais não estatais foram apropriados e remodelados para produzir um discurso de conquista, posse e soberania de Estado (imagem: Editora Unesp/divulgação)

História
Livro traz antologia inédita dos sertões do rio Tibagi e Campos de Guarapuava
26 de agosto de 2025

Publicação é resultado de pesquisa financiada pela FAPESP sobre o processo de formalização pública do conhecimento da bacia hídrica da região do atual noroeste do Paraná

História
Livro traz antologia inédita dos sertões do rio Tibagi e Campos de Guarapuava

Publicação é resultado de pesquisa financiada pela FAPESP sobre o processo de formalização pública do conhecimento da bacia hídrica da região do atual noroeste do Paraná

26 de agosto de 2025

A autora mostra como paisagens, lugares de memória e territórios de agentes sociais não estatais foram apropriados e remodelados para produzir um discurso de conquista, posse e soberania de Estado (imagem: Editora Unesp/divulgação)

 

Agência FAPESP – O livro Simulacros de império: território, mapeamento e invenção das fronteiras ibero-americanas (século XVIII) (Editora Unesp, 2024) traz uma antologia inédita e crítica das primeiras imagens cartográficas da região do atual noroeste do Paraná, então chamado sertões do rio Tibagi e Campos de Guarapuava.

De autoria de Denise Aparecida Soares de Moura, professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Franca, a obra é resultado de pesquisa financiada pela FAPESP sobre o processo de formalização pública do conhecimento da bacia hídrica dos sertões do Tibagi no século 18 e sua relação com a definição de limites territoriais entre as duas Coroas ibéricas na América.

“Por meio de croquis, desenhos, mapas e manuscritos de coleções conservadas em instituições públicas e privadas do Brasil e do exterior, produzidos por mapeadores que percorreram a região entre 1768-1773 e submetidos à abordagem da história social da cartografia, são discutidos as fragilidades, os limites e a dependência dos estados das territorialidades de povos indígenas falantes da língua jê e de sertanejos”, descreve Moura para a Agência FAPESP.

A professora mostra na publicação que paisagens, lugares de memória e territórios destes agentes sociais não estatais foram apropriados e remodelados por agentes estatais para produzir um discurso de conquista, posse e soberania de Estado.

“Algumas das imagens cartográficas do livro são inéditas, como um croqui que estampa pela primeira vez o etnônimo Xaclan, conservado na coleção da Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, Portugal. Este vocábulo pode corresponder à etnia Xokleng, também conhecida como Laklãño, que originalmente ocupava terras nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, comenta a autora.

O livro é voltado para historiadores, especialistas da geografia humana, arquitetos e todos aqueles envolvidos com reflexões e projetos sobre espaço, território, territorialidade, paisagens e lugares de memória.

“Seus resultados têm potencial para impactar setores da sociedade não acadêmicos, como ativistas de causas de comunidades indígenas e não indígenas ou adeptos da ciência participativa que defendem a capacidade dos não técnico-profissionais de produzir conhecimento. Ao focalizar a história do mapeamento da região e sua malha fluvial, a pesquisa contribui para dar visibilidade a geografias menos midiáticas ameaçadas por inseguranças humanas e naturais de toda a ordem”, destaca Moura.

O livro tem 402 páginas e pode ser comprado por R$ 108,99 no site da Editora Unesp.
 

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