Equipe de biomédicas prepara pacientes para realização de exames em equipamento de PET/CT (fotos: Romulo Santana Osthues)

Infraestrutura de pesquisa
CEPID CancerThera atualiza equipamento de PET/CT, que passa a contar com recursos de IA e biópsia guiada
09 de maio de 2025

Novas funcionalidades permitem gerar imagens dinâmicas e mais detalhadas, além de propiciarem diagnósticos mais precisos. Aparelho é de uso aberto à comunidade científica do Estado de São Paulo

Infraestrutura de pesquisa
CEPID CancerThera atualiza equipamento de PET/CT, que passa a contar com recursos de IA e biópsia guiada

Novas funcionalidades permitem gerar imagens dinâmicas e mais detalhadas, além de propiciarem diagnósticos mais precisos. Aparelho é de uso aberto à comunidade científica do Estado de São Paulo

09 de maio de 2025

Equipe de biomédicas prepara pacientes para realização de exames em equipamento de PET/CT (fotos: Romulo Santana Osthues)

 

Agência FAPESP* – A tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a tomografia computadorizada (CT) são exames de imagem amplamente utilizados na área da saúde para a análise do interior do corpo de forma detalhada e não invasiva.

Com o PET é possível avaliar tanto a anatomia quanto o metabolismo de tecidos e órgãos, identificando possíveis alterações. Já com o CT, a estrutura do corpo é evidenciada por meio de raios X e processamento computacional, gerando imagens em cortes em vários planos, com alta resolução.

Os dois exames podem ser realizados utilizando-se um único equipamento, numa combinação conhecida como PET/CT. Após a administração de radiofármacos ao paciente, o equipamento gera imagens tridimensionais que possibilitam a investigação das estruturas e do funcionamento do corpo como um todo.

Um desses equipamentos está presente na rotina dos especialistas e pesquisadores que compõem o Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi graças ao financiamento da FAPESP que se tornou possível custear uma recente atualização do equipamento de PET/CT, aprimorando seus sistemas e incorporando novos recursos e acessórios a ele.

Instalado em 2013 no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas (SMN-HC) da Unicamp, o equipamento de PET/CT Biograph mCT, da fabricante Siemens, é utilizado pelas equipes de medicina nuclear e oncologia para a detecção de tumores e metástases, assim como por pesquisadores do CEPID, que desenvolvem estudos pré-clínicos e clínicos.

Além de testar novos usos para metalofármacos e radiofármacos já consagrados em determinados cânceres, os pesquisadores do CEPID CancerThera buscam desenvolver novas opções para aplicações “teranósticas” – um neologismo para um modelo que une terapia e diagnóstico em uma mesma abordagem.

“O PET/CT está incorporado na prática médica e nas ciências como um dos exames mais importantes, não só no contexto do câncer, mas no de muitas outras doenças, como as inflamatórias, infecciosas, autoimunes, metabólicas e assim por diante”, explica Carmino Antonio de Souza, médico onco-hematologista, professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, pesquisador principal no CEPID CancerThera e vice-presidente da FAPESP.

“O PET/CT é uma peça-chave nos estudos teranósticos. Os novos radiofármacos que forem desenvolvidos no CEPID CancerThera, marcados com emissores de pósitrons, vão continuar sendo avaliados com esse tipo de equipamento, só que, agora, após a atualização, com maior qualidade de imagem”, diz Celso Dario Ramos, médico nuclear, professor da FCM-Unicamp e pesquisador principal no CEPID CancerThera.

“Não somos o único serviço de medicina nuclear do país que tem todos esses recursos, mas, como uma área de treinamento e pesquisa focada em PET, eu diria que é uma das mais bem equipadas”, destaca Ramos.

Principais novos recursos

Em abril deste ano, foram incorporados ao PET/CT novos recursos de processamento e quantificação – mais rápidos e eficientes – baseados em inteligência artificial (IA), o que permitiu também aumentar o número de licenças de uso (de três para seis), favorecendo que mais usuários possam gerar e avaliar as imagens ao mesmo tempo.

Anteriormente, a aquisição de imagens PET era feita por segmentos. Agora, pode ocorrer de modo contínuo, facilitando o planejamento do exame e oferecendo maior qualidade na visualização. Esse recurso também viabiliza imagens dinâmicas, geradas de forma múltipla e por um intervalo de tempo estabelecido previamente, permitindo acompanhar a velocidade com que o radiofármaco administrado ao paciente está sendo captado pelos tecidos.

Em medicina nuclear, o termo “captação” é usado para se referir à intensidade com a qual os tecidos extraem o radiofármaco da corrente sanguínea. No caso de um câncer, por exemplo, pode haver alta ou baixa captação do radiofármaco, cuja visualização de sua distribuição pelo corpo é feita via imagens geradas pelo equipamento PET/CT.

“Usando IA, mesmo quando há poucos pontos de captação na imagem gerada, porque a dose de radiação foi menor, o computador consegue melhorar o aspecto. Isso possibilita a detecção de lesões com mais facilidade”, diz Ramos.

Outro ganho com a IA incluída foi permitir que o próprio computador identifique áreas normais e áreas anormais do exame, delimitando-as e fazendo a quantificação automaticamente.

A atualização compreende, ainda, a aquisição de acessórios para a realização de biópsias guiadas, durante as quais é introduzida uma agulha no exato local do corpo do paciente em que alguma alteração é evidenciada pelo exame, tornando mais prática e minuciosa a compreensão do que está acontecendo naquele ponto que está captando o radiofármaco administrado. O especialista que estiver realizando a biópsia pode acompanhar em tempo real, via novos monitores, o procedimento de dentro da própria sala onde o equipamento de PET/CT está instalado.

A médica nuclear Bárbara Juarez Amorim, coordenadora do SMN-HC-Unicamp e pesquisadora associada ao CEPID CancerThera, ressalta o recurso da biópsia guiada como um dos maiores ganhos da atualização do equipamento de PET/CT, porque possibilitará fazer o diagnóstico de lesões suspeitas e indefinidas. “Às vezes, não se consegue diferenciar exclusivamente pelo PET se é um câncer ou, eventualmente, algo benigno, como uma inflamação”, explica.

Acesso aberto e financiamento

O PET/CT disponível no SMN-HC-Unicamp faz parte do Programa de Equipamentos Multiusuários (EMU) da FAPESP, sendo acessível a toda a comunidade científica do Estado de São Paulo – bastando agendar com antecedência pelo telefone (19) 3521-7772 ou pelo e-mail soniama@hc.unicamp.br.

Os interessados em usar o equipamento terão acesso a imagens PET/CT com diversificados radiofármacos, contando com novos recursos de visualização, processamento e biópsia guiada, para aplicação em pesquisas oncológicas e não oncológicas.

“A FAPESP tem lutado muito para que os equipamentos de alto valor agregado financiados por ela, de grande potencialidade para a pesquisa, a educação, a ciência etc., não sejam de uso exclusivo de um pesquisador ou de um grupo de pesquisadores, mas que esses equipamentos possam ser utilizados por pesquisadores diversos”, destaca Souza.

O custo total da atualização do PET/CT foi de, aproximadamente, US$ 500 mil, valor integralmente subsidiado pela FAPESP, que já havia financiado a aquisição do equipamento, em 2013. Na época, ele custou US$ 2,4 milhões.

A decisão por fazer a atualização em vez de adquirir um novo equipamento possibilitou uma economia de recursos significativa. “Atualmente, um novo PET/CT com os sistemas atualizados pode chegar a US$ 10 milhões”, diz Souza. A expectativa de uso em boas condições, após a atualização, é de mais dez anos.

* Com informações de Romulo Santana Osthues, do CancerThera.
 

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