Os pesquisadores também realizaram estudos para avaliar os efeitos da exposição à cocaína em mexilhões-marrons (imagem: Agência FAPESP)

Poluição
Cientistas coletam amostras de sedimento na baía de Santos para monitorar contaminação por cocaína
04 de setembro de 2024

Droga se tornou um contaminante emergente na região e já afeta organismos marinhos, como ostras e mexilhões. Em vídeo, pesquisadores explicam como é obtido material para os estudos geoquímicos

Poluição
Cientistas coletam amostras de sedimento na baía de Santos para monitorar contaminação por cocaína

Droga se tornou um contaminante emergente na região e já afeta organismos marinhos, como ostras e mexilhões. Em vídeo, pesquisadores explicam como é obtido material para os estudos geoquímicos

04 de setembro de 2024

Os pesquisadores também realizaram estudos para avaliar os efeitos da exposição à cocaína em mexilhões-marrons (imagem: Agência FAPESP)

 

Agência FAPESP – Além de poluentes oriundos das atividades portuária, industrial e do esgoto doméstico, a baía de Santos tem sido afetada por um contaminante emergente que hoje está presente não só na água, mas também em sedimentos e organismos marinhos: a cocaína. Neste vídeo produzido pela Agência FAPESP, o problema é relatado pelo biólogo Camilo Dias Seabra, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

No âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP, o grupo de Seabra e colegas da Universidade Santa Cecília (Unisanta) identificaram pela primeira vez, em 2017, o acúmulo de cocaína e outras substâncias derivadas de remédios em água superficial na baía de Santos e efeitos biológicos em concentrações ambientalmente relevantes (leia mais em: agencia.fapesp.br/51489).

Os pesquisadores encontraram em amostras de água coletadas na região ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco, entre outros medicamentos, além de cocaína em concentração equivalente à da cafeína – um indicador tradicional de contaminação porque, além de ser consumida por meio de bebidas como café, chá e refrigerantes, está presente em vários medicamentos.

Essas descobertas se baseiam em estudos geoquímicos feitos em testemunhos de sedimento estuarino. No vídeo é possível acompanhar como é feita a coleta dessas amostras e de animais na região do emissário submarino da baía de Santos.

De acordo com Seabra, a partir desses estudos, foi possível estimar que a cocaína passou a se acumular no estuário de Santos a partir da década de 1930, mas as concentrações da droga na região saltaram nas últimas décadas. Algumas das explicações para esse aumento é que a região é uma das principais rotas de tráfico da droga da América do Sul para a Europa. Além disso, a região, a exemplo de outras no país e no mundo, enfrenta o problema do aumento de usuários de drogas ilícitas, como a própria cocaína e o crack.

Outros problemas na região são a falta de tratamento de esgoto, o uso de crack e outras drogas e riscos à segurança pública. A fim de entender melhor a magnitude desses problemas, os pesquisadores pretendem iniciar um programa epidemiológico baseado em águas residuais para identificar o consumo de drogas.

Um dos objetivos de programas como esse é contribuir para a detecção de problemas de saúde da população relacionados não só a drogas ilícitas, mas também álcool e tabagismo.
 

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