Pesquisadores identificaram parâmetros de organização de pixels e voxels em imagens de ressonância magnética de queratocistos e ameloblastomas que podem oferecer diagnósticos mais precisos e menos invasivos (imagem:Wikimedia Commons)
Pesquisadores identificaram parâmetros de organização de pixels e voxels em imagens de ressonância magnética de queratocistos e ameloblastomas que podem oferecer diagnósticos mais precisos e menos invasivos
Pesquisadores identificaram parâmetros de organização de pixels e voxels em imagens de ressonância magnética de queratocistos e ameloblastomas que podem oferecer diagnósticos mais precisos e menos invasivos
Pesquisadores identificaram parâmetros de organização de pixels e voxels em imagens de ressonância magnética de queratocistos e ameloblastomas que podem oferecer diagnósticos mais precisos e menos invasivos (imagem:Wikimedia Commons)
Julia Moióli | Agência FAPESP – Ameloblastoma e queratocisto são duas lesões orais relativamente comuns, que ocorrem tanto na mandíbula quanto no maxilar, mas apresentam características diferentes: enquanto o primeiro se trata de um tumor que se comporta de forma agressiva, o segundo é um cisto, possuindo formas de manejo e tratamento diferenciadas. No entanto, exames tradicionais de imagem, como radiografia, ressonância magnética e tomografia, não conseguem diferenciá-los com precisão, dificultando assim o planejamento do tratamento e demandando procedimentos adicionais.
Em busca de uma solução que pudesse prever o tipo de lesão e facilitar o planejamento cirúrgico, pesquisadores das universidades Cruzeiro do Sul (Unicsul), de São Paulo (USP), de Campinas (Unicamp), de Gotemburgo (Suécia) e de Ancara (Turquia) aplicaram pela primeira vez nesses tipos de lesões uma técnica de processamento de imagem denominada de análise de textura. O estudo foi divulgado na revista Scientific Reports.
“Em exames de imagens tridimensionais, como ressonâncias e tomografias, os voxels [volume formado pela profundidade do pixel, representando uma unidade 3D da imagem] e pixels de imagens se mostram organizados de forma diferente, com distâncias distintas e variações em tons de cinza dependendo do tecido escaneado”, explica André Luiz Ferreira Costa, orientador do trabalho e professor do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Unicsul. “Essa informação pode ser transformada em valores numéricos [algoritmos], gerando uma análise puramente matemática e estatística.”
No trabalho, que teve apoio da FAPESP por meio de dois projetos (2013/07559-3 e 2017/09550-4), foram observadas imagens de ressonância magnética de 18 pacientes da Divisão de Odontologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, cujos diagnósticos haviam sido confirmados por biópsia. Oito tinham ameloblastomas e dez, queratocistos. A preferência pelo método se deu por sua tridimensionalidade e pela ausência de radiação, que não impede o escaneamento repetido.
Onze parâmetros de textura foram medidos em cinco distâncias diferentes, totalizando 55 variáveis, computados e analisados pelo software MATLAB. Desses, dois obtiveram evidência estatística significativa: entropia e soma das médias. A primeira indica o grau de desordem entre os pixels na imagem e, a segunda, a média das somas dos valores de dois pixels na imagem. Queratocistos apresentam maior uniformidade e menor grau de desordem de nível cinza que ameloblastomas.
“O principal ganho do estudo é a possibilidade de obter um resultado definitivo mais rápido por meio de exame de imagem, proporcionando assim um tratamento mais seguro”, diz Costa. “Até porque as extrações dos dois tipos de lesões são feitas de maneiras diferentes: o queratocisto é removido de acordo com seu tamanho e seguido de curetagem, sendo uma intervenção cirúrgica mais tranquila, mas o ameloblastoma requer margem de segurança e ressecção óssea maior, por conta de seu comportamento agressivo.”
Melhoria e ampliação do escopo do trabalho
Com os resultados promissores demonstrando que características extraídas de lesões em imagens de ressonância magnética podem ser usadas para caracterizar ameloblastomas e queratocistos, oferecendo importante suplementação diagnóstica, estudos subsequentes devem passar a incluir também outros tipos de lesões. Exemplos são o ameloblastoma unicístico, mais raro, e o queratocisto odontogênico ortoqueratinizado, ambos não analisados ainda.
Outra limitação que os pesquisadores acreditam precisar ser considerada em futuras investigações é a amostra relativamente pequena estudada. Como a análise de textura é baseada na intensidade do sinal de pares de pixels, isso significa que os resultados se beneficiariam não apenas de um número maior de pacientes, mas também da observação de lesões mais volumosas.
O artigo Magnetic resonance imaging texture analysis to differentiate ameloblastoma from odontogenic keratocyst pode ser lido em: https://doi.org/10.1038/s41598-022-20802-7.
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