Propostas aprovadas contarão com R$ 42 milhões para estudos sobre o território, povos da Amazônia e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Propostas aprovadas contarão com R$ 42 milhões para estudos sobre o território, povos da Amazônia e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis
Propostas aprovadas contarão com R$ 42 milhões para estudos sobre o território, povos da Amazônia e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis
Propostas aprovadas contarão com R$ 42 milhões para estudos sobre o território, povos da Amazônia e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência FAPESP – O Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap) divulgou hoje (17/11) a lista das 39 propostas de pesquisas aprovadas no primeiro edital da Iniciativa Amazônia +10. Os projetos selecionados – orçados em R$ 42 milhões –, mobilizarão 137 grupos de pesquisa vinculados a Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de 19 Estados brasileiros em estudos colaborativos sobre o território, povos da Amazônia e o fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis.
“Dificilmente poderia ser um dia mais auspicioso. Durante a COP-27 o mundo todo olha para o Brasil, porque somos uma parte importante da economia mundial e porque nosso território detém 60% da floresta tropical da Amazônia. E todos esperam medidas de proteção”, afirmou Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, no evento de apresentação dos projetos selecionados. “A preservação não se fará por um conjunto de pessoas; as alternativas têm de ser construídas pela lógica da ciência.”
A chamada previu que cada uma das propostas submetidas fosse apresentada por pesquisadores de pelo menos três Estados, representados pelas FAPs que aderiram à chamada: São Paulo, Amazonas, Rio de Janeiro, Pará, Paraná, Maranhão, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Amapá, Distrito Federal, Alagoas, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Piauí, Santa Catarina, Acre e Tocantins. E exigiu também que pelo menos um dos pesquisadores signatários da proposta fosse vinculado a instituição de ensino superior ou de pesquisa, ou ainda a empresas com sede na região da Amazônia Legal.
A regra estimulou, por exemplo, que pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) contassem com a cooperação de pesquisadores das universidades Estadual de Londrina (UEL) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na análise de resíduos de plantas para o desenvolvimento de bioativos microbianos. E que o Instituto Butantan colaborasse com pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) e da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), no Amazonas, no desenvolvimento de estudos que permitam avançar no tratamento de acidentes ofídicos.
Aos recursos das FAPs, somaram-se os recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Aportamos R$ 12 milhões para bolsas, com a promessa de que vamos contribuir também com mais protagonismo na questão do fomento”, afirmou Evaldo Ferreira Vilela, presidente do CNPq, também presente ao evento de anúncio dos projetos selecionados.
“Foi a primeira vez que as FAPs se reuniram para criar um programa próprio, com uma ideia que partiu da FAPESP e foi trazida ao Confap, que a acolheu e a colocou em prática em prazo curto”, disse Odir Dellagostin, presidente do Confap. “É apenas o primeiro passo, a primeira ação desta iniciativa que terá desdobramentos. Muitos frutos serão colhidos por essa mobilização.”
Essa estratégia de colaboração permitiu que pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto Evandro Chagas, no Pará, e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Amazonas, estudem em conjunto o impacto da degradação ambiental na dinâmica de circulação de vírus emergentes e reemergentes na região amazônica, no âmbito de um dos projetos apoiados pelo edital.
Fortalecimento de cadeias produtivas
O novo modelo de cooperação permitirá que pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Federal do Amapá (Unifap) e Federal Fluminense (UFF) investiguem a geração e integração de energia de biomassa e fotovoltaica com o fortalecimento de cadeias produtivas em comunidades isoladas no estuário do rio Amazonas.
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, sublinhou que, apesar das dificuldades, 40% dos recursos para o financiamento dos projetos aprovados vêm dos Estados da Amazônia Legal. “Sabemos que os orçamentos das FAPs da Região Norte correspondem a menos de 40% do total do Brasil. Isso é muito expressivo. É um esforço significativo que demonstra o protagonismo da Região Norte.”
“Nada para nós sem nós. Uma boa política pública tem que ser pensada para nós e conosco”, disse Márcia Mavignier, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). “A Iniciativa Amazônia +10 surgiu de uma ousadia competente, de um conjunto de pessoas que trabalham para pensar na solução de problemas para a nossa sociedade.”
“Nada para a Amazônia sem os amazônidas”, repetiu Marcel Botelho, presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). “Muitos falam sobre a Amazônia, mas 30 milhões de pessoas vivem aqui diariamente. Temos projetos não só para acima do dossel da floresta, mas também abaixo do dossel, olhando para a população”, citando o exemplo de um dos projetos selecionados no edital que visa o aproveitamento da amêndoa do cupuaçu e será conduzido por pesquisadores de Pará, Amapá e Rio de Janeiro.
“Quero agradecer em nome dos 30 milhões de habitantes da região que têm carência de política pública, água, energia, segurança. São Estados que lutam para conseguir o mínimo”, afirmou Rafael Pontes, secretário de Desenvolvimento do Amapá e presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti). “A iniciativa já desperta interesse de empresa e indústria que podem transformar pesquisa em tecnologia para impactar as cadeias produtivas, além da proteção ambiental deste bioma.”
A primeira chamada de propostas da Iniciativa Amazônia +10 avaliou, ao todo, 152 propostas submetidas por mais de 500 grupos de pesquisa às suas respectivas FAPs. Desse total, cem se enquadraram nas diretrizes estabelecidas no edital e foram habilitadas para avaliação. Os 39 projetos aprovados contarão com financiamento das agências de fomento por um período de 36 meses.
Cada proposta foi avaliada por dois assessores ad hoc, provenientes de todos os Estados participantes da chamada. As propostas foram, posteriormente, avaliadas por um painel científico formado por pesquisadores renomados de diversas áreas do conhecimento, que classificaram os projetos de acordo com o seu mérito científico.
A lista de projetos aprovados está disponível em: fapesp.br/15774/propostas-selecionadas-na-1a-chamada-da-iniciativa-amazonia-10.
A íntegra do evento em que foram anunciados os 39 projetos está disponível no canal da Agência FAPESP no YouTube.
Para mais informações sobre a Iniciativa Amazônia +10 acesse: www.amazoniamaisdez.org.br/.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.