Estudo da USP teve apoio da FAPESP. Com a descoberta, componente pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos não invasivos e servir como um marcador da evolução do quadro (imagem: Wikipedia)

Pesquisadores identificam proteína associada ao agravamento da leucemia mieloide aguda
23 de julho de 2021

Estudo da USP teve apoio da FAPESP. Com a descoberta, componente pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos não invasivos e servir como um marcador da evolução do quadro

Pesquisadores identificam proteína associada ao agravamento da leucemia mieloide aguda

Estudo da USP teve apoio da FAPESP. Com a descoberta, componente pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos não invasivos e servir como um marcador da evolução do quadro

23 de julho de 2021

Estudo da USP teve apoio da FAPESP. Com a descoberta, componente pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos não invasivos e servir como um marcador da evolução do quadro (imagem: Wikipedia)

 

Agência FAPESP * – Uma descoberta feita no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) traz uma nova perspectiva de terapia para leucemia mieloide aguda, um tipo de câncer agressivo que afeta o sangue.

A doença representa cerca de 80% das leucemias agudas do adulto e 36% dos óbitos de leucemia entre 2008 e 2017, sendo mais comum em pessoas com mais de 60 anos. Os tratamentos disponíveis são quimioterapia ou transplante de medula óssea, única opção curativa em caso de falha aos tratamentos medicamentosos.

A pesquisa identificou um marcador da evolução da doença, a proteína ezrina. A partir disso, fármacos que inibem a proteína podem ser usados para encontrar uma terapia não invasiva, especialmente para os idosos, que não são elegíveis para o transplante.

Coordenado pelo professor João Agostinho Machado-Neto e conduzido pelo doutorando Jean Carlos Lipreri da Silva, ambos do ICB-USP, o estudo foi publicado em artigo na revista científica Cellular Oncology e está vinculado a três projetos financiados pela FAPESP: “Investigação da participação de Stathmin 1 e da instabilidade dos microtúbulos no fenótipo de neoplasias hematológicas”, “Análise compreensiva de dados genômicos para identificação e validação de novos alvos terapêuticos envolvidos na regulação de citoesqueleto celular em leucemias agudas” e “Abordagem integrada na prospecção sustentável de produtos naturais marinhos: da diversidade a substâncias anticâncer”.

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Biologia do Câncer e Antineoplásicos do Departamento de Farmacologia do ICB. O grupo tem como objetivo aumentar o leque de opções para o tratamento da leucemia e foca na compreensão da biologia do câncer, assim como no estudo de novas moléculas com potencial terapêutico.

A primeira etapa do trabalho consistiu na análise de dados do The Cancer Genome Atlas (TCGA), uma iniciativa global de troca de informações sobre a doença. Na plataforma, são catalogadas as mutações genéticas responsáveis pelo câncer a partir de sequenciamento de genoma e bioinformática.

“Com os dados do TCGA, estudamos o papel das proteínas que regulam o citoesqueleto, um conjunto de fibras que ficam no citoplasma das células. Depois de minerar os dados, vimos que a ezrina tinha uma característica diferente das demais: os pacientes que tinham mais ezrina morriam mais. Isso é importante para entender como o câncer pode evoluir”, detalha Machado-Neto, em entrevista para a Acadêmica Agência de Comunicação.

A partir do marcador, os médicos poderiam atuar de maneira mais eficaz no tratamento. Isso porque, atualmente, em pacientes de grupo de risco intermediário é difícil prever o curso da doença. “A ezrina pode ser um critério para tomar uma decisão clínica no futuro e verificar se o paciente vai precisar ou não de uma terapia mais agressiva”, completa o professor.

Além da análise de dados, foram realizados testes in vitro com células leucêmicas humanas. Por meio de um fármaco, que tem propriedades já conhecidas e até então só é utilizado em pesquisas, o grupo conseguiu inibir a ezrina e aumentar a morte das células tumorais. “Trabalhar com uma molécula já conhecida aumenta as chances de levá-la para ensaio clínico. Quando os testes são apenas com ferramentas genéticas, é possível provar um conceito, mas a probabilidade de transformar isso em remédio em curto prazo é menor”, destaca.

O processo de identificar uma nova molécula e desenvolver um medicamento que possa ser usado em pacientes é longo, durando em média 15 anos. Mas o avanço já é significativo, pois a demanda por um novo tratamento é grande.

Os primeiros testes foram feitos em linhagens celulares humanas de uso comercial para pesquisa. Para a próxima etapa, o grupo obteve aprovação do Comitê de Ética da USP para fazer testes em células de pacientes acometidos pela leucemia a partir da doação de uma amostra de sangue periférico ou de medula óssea. A expectativa é que os testes em animais sejam iniciados nos próximos dois anos.

Além disso, os pesquisadores estão testando compostos em outros tipos de leucemia, que também precisam de novas terapias.

*Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP.
 

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