“ICB-USP na Amazônia” relata os 30 anos de atuação do Instituto em Rondônia e no Acre, com o desenvolvimento de pesquisas e assistência à saúde da população (imagem: divulgação)
“ICB-USP na Amazônia” relata os 30 anos de atuação do Instituto em Rondônia e no Acre, com o desenvolvimento de pesquisas e assistência à saúde da população
“ICB-USP na Amazônia” relata os 30 anos de atuação do Instituto em Rondônia e no Acre, com o desenvolvimento de pesquisas e assistência à saúde da população
“ICB-USP na Amazônia” relata os 30 anos de atuação do Instituto em Rondônia e no Acre, com o desenvolvimento de pesquisas e assistência à saúde da população (imagem: divulgação)
Agência FAPESP* – Nas décadas de 1970 e 1980, a Amazônia sofria uma explosão de casos de malária, com um aumento de 75 vezes e concentrando 99% dos casos brasileiros da doença. O trabalho de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) foi importante para compreender e combater a malária e auxiliar no atendimento à saúde da população. Até hoje, o ICB-USP conduz pesquisas nos Estados de Rondônia e Acre sobre doenças parasitárias, epidemiologia e estratégias de controle da malária, malária gestacional e placentária. Essa trajetória é contada no livro ICB-USP na Amazônia: 30 anos de ciência nas fronteiras do Brasil, que será lançado no dia 30 de junho, às 9 horas, durante reunião da Congregação do ICB-USP.
De autoria da jornalista Mônica Teixeira, a obra começa relatando como o parasitologista Erney Plessmann de Camargo, um dos protagonistas dessa história, em parceria com Luiz Hildebrando, na época diretor do Laboratório de Biologia Experimental do Instituto Pasteur, uniu esforços no final da década de 1980 para desenvolver estudos sobre a epidemiologia da malária, a resposta imunológica ao parasita e a biologia dos mosquitos que transmitem a doença. A equipe acompanhou os casos de malária ao longo do tempo em diferentes localidades, aplicou questionários à população e realizou coletas de sangue para o diagnóstico e para exames sorológicos, com o objetivo de detectar a presença de anticorpos aos parasitas que causam a doença.
Nessa fase, a descoberta mais importante foi a existência de indivíduos assintomáticos, que mudou o entendimento sobre o combate à malária em regiões endêmicas como a Amazônia, levantando a hipótese de que as populações tradicionais que mantinham a transmissão da doença. “Ao longo da vida, os habitantes vão desenvolvendo um certo grau de imunidade como resultado da exposição constante ao parasita e, invisíveis para o sistema de diagnóstico da doença, se constituem na reserva de plasmódios que mantém a transmissão da malária”, informa trecho do livro.
Além dos casos assintomáticos, que dificultavam a identificação e o controle da transmissão, os maiores desafios vinham das condições precárias em que algumas populações viviam, especialmente as ribeirinhas: sem saneamento básico ou luz elétrica, em casas cobertas de palha e mal vedadas.
Todo esse trabalho, destaca o professor Erney Camargo, não teria sido possível sem a colaboração do ICB-USP, dos pesquisadores do Departamento de Parasitologia, da população local e dos dirigentes políticos da região. “Para Hildebrando e para mim, o grande marco foi a realização de uma tarefa que nós herdamos do professor Samuel Pessoa: usar a ciência a serviço da população. Isso foi muito importante para nós.”
Presença consolidada
A atuação do Instituto se estendeu ao atendimento de pacientes com doenças tropicais. Sob a coordenação do médico e professor Luís Marcelo Aranha, foi criado o ICB V, um Centro Avançado de Ensino, Pesquisa e Extensão localizado na cidade de Monte Negro, em Rondônia. Hoje, além de prestar serviços à população, as instalações são dedicadas ao ensino de alunos de graduação e pós-graduação do ICB e de outras unidades da USP.
Outro Estado que recebeu os pesquisadores do ICB foi o Acre, inicialmente no município de Acrelândia, em 2004, que tinha a maior incidência parasitária anual (IPA) do Estado. Coordenados por Marcelo Urbano Ferreira, os pesquisadores investigaram as causas da perpetuação da malária e trabalharam formas de controlar a doença. A IPA, que era 104,2, hoje está em 3,0. Posteriormente, foi instalado em Cruzeiro do Sul um Laboratório Avançado voltado para o estudo da malária em comunidades urbanas e rurais.
Lá, o ICB-USP abriu uma nova linha de pesquisa, inédita no Brasil, sobre os impactos da malária na gestação, sob a liderança do professor Cláudio Marinho. Os estudos mostraram que não só a malária falciparum, tipo mais agressivo, mas também a malária vivax deve ser motivo de preocupação na gravidez e pode prejudicar tanto a mãe quanto o feto. A equipe estuda desde o modelo animal até o ser humano e busca medicamentos e testes para tratar e descobrir efeitos da malária nos fetos precocemente.
“O livro retrata histórias de desbravadores e idealistas que vislumbraram um futuro melhor para as pessoas, a instituição e o país. Uma história que inspira a todos que a conhecerem, sobretudo aqueles que darão continuidade a essa missão”, ressalta na apresentação da obra o professor Luís Carlos de Souza Ferreira, diretor do ICB.
A versão digital do livro está disponível em: https://drive.google.com/file/d/1VSEZS44kaPxPcOqrfuK-aP-hMD3n1pKz/view.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP.
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